Um banho de auto-estima para o FC Porto

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Bruno Alves festeja o segundo golo dos "dragões" NachoDoce/Reuters

Jesualdo tinha prometido um FC Porto zangado, mas o que se viu em Alvalade foi uma equipa coesa na defesa, guarda-redes Nuno incluído, com arquitectura e espírito solidário no miolo e voltagem q.b. no ataque. A desgraça de Londres parece ter unido uma equipa que recorreu à fórmula HTT (humildade, trabalho, talento), mesmo que se tenha superiorizado mais pela energia (no primeiro tempo) e pela concentração e combatividade (no resto do jogo, face à reacção leonina) do que pela qualidade futebolística manifesta. Conclusão: não houve sinal do FC Porto que saiu com uma depressão colectiva do confronto com o Arsenal.

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Jesualdo tinha prometido um FC Porto zangado, mas o que se viu em Alvalade foi uma equipa coesa na defesa, guarda-redes Nuno incluído, com arquitectura e espírito solidário no miolo e voltagem q.b. no ataque. A desgraça de Londres parece ter unido uma equipa que recorreu à fórmula HTT (humildade, trabalho, talento), mesmo que se tenha superiorizado mais pela energia (no primeiro tempo) e pela concentração e combatividade (no resto do jogo, face à reacção leonina) do que pela qualidade futebolística manifesta. Conclusão: não houve sinal do FC Porto que saiu com uma depressão colectiva do confronto com o Arsenal.

O Sporting respondeu, durante os primeiros 45 minutos, com um futebol sem fertilidade, especulativo e amarrado lá atrás. Paulo Bento voltou a escolher Postiga e Derlei como dupla atacante, mas surpreendeu ao colocar Djaló em vez de Romagnoli a 10. Percebeu-se a intenção de tirar partido dos sprints vindos de trás do jovem avançado, mas este esteve naqueles dias em que tropeçava na própria bola. Com a mesma equipa e a mesma estratégia da Luz (Tomás Costa como falso ala, passando a médio interior quando o adversário ganhava a bola, e com Lucho no apoio aos avançados), o FC Porto fez durante 45 minutos o que distingue as boas equipas. Mostrou um bloco defensivo alto (com Fucile, está claro...), boa mobilidade, através das trocas entre Tomás Costa e Lucho, enquanto Lisandro condicionou sempre o tricot leonino ao cortar as linhas de passe ao pachorrento Miguel Veloso.

No conjunto da pequena colecção de oportunidades criada no primeiro tempo, os portistas levaram ligeira vantagem. O primeiro ameaço foi do sempre activo Tomás Costa, que não demorou a tirar partido de uma ingenuidade (ou falta de jeito?) de Grimi, com a jogada a ser concluída com um remate de Lisandro para o fundo da baliza. O melhor goleador da última Liga, que se estreou assim a marcar, entra em campo com a ânsia dos que chegam tarde a um reveillon e voltou a ser dos melhores em campo.

Pouco ou nada fazendo para o justificar, o Sporting chegou ao empate. O penálti convertido por Moutinho começou por parecer uma extravagância de Lucílio Baptista, mas uma repetição televisiva demonstrou que Tomás Costa carregou mesmo o capitão “leonino”. Mas o balão de oxigénio do Sporting durou apenas dois minutos. Bruno Alves aproveitou um livre para marcar um golo de se lhe tirar o chapéu. A bola saiu com uma força e colocação tais que Patrício ficou a olhar como se ela fosse um ovni.

A certa altura, o jogo pareceu condicionado pelos cinturões tácticos, de nada valendo ao Sporting os 54 por cento de posse de bola que somava ao intervalo, até porque, aos 45’, Nuno voou com um pássaro para o esférico cabeceado por Derlei.

O futebol mudou de signo na segunda parte. No Sporting, saiu Grimi, entrando Pereirinha, para médio direito. Foi a primeira revolução no quadro de Paulo Bento. Rochemback passou à posição 6 e Veloso para lateral-esquerdo. O Sporting cresceu e o FC Porto foi obrigado a recuar as linhas. Mas não tardou até que Bruno Alves levasse a bola à trave, novamente de livre.

Tomás Costa viu então o árbitro perdoar-lhe duas vezes a expulsão e foi substituído pelo inconsequente Mariano. O FC Porto ficou mais fraco. Mesmo assim, Lisandro e Rodriguez podiam ter acabado com as dúvidas.

Paulo Bento baralhou de novo os dados. Saíram Abel e Postiga (porquê, se estava muitíssimo melhor do que Djaló?) e entraram Romagnoli e Liedson. O Sporting trocou o losando pelo 4x4x2 clássico e Romagnoli encostou à esquerda e Djaló à direita. Rochemback e Moutinho dividiam as tarefas defensivas. Tudo espremido, o Sporting esteve perto de empatar quando Derlei não aproveitou a assistência de Romagnoli e chutou na atmosfera e, depois, quando o remate de Liedson à meia-volta saiu ao lado.

Mas o jogo acabou com o FC Porto a fazer uma demonstração quase insultante de controlo de jogo e de redução de espaços, provando que quando (já) não se domina de fraque também se pode fazê-lo de fato-macaco.