Cónego Melo tornou-se conhecido por combater comunismo no pós-25 de Abril

Foto
O cónego Melo foi vigário-geral da diocese de Braga durante várias décadas Hugo Delgado (arquivo)

Monsenhor Eduardo Melo Peixoto faleceu, poucos dias antes de presidir a um congresso internacional de turismo religioso, na Póvoa de Varzim, onde seria divulgado o livro de memórias que acabara de publicar. A iniciativa era organizada pela cooperativa Turel de Braga, a que presidia, numa das várias actividades em que continuava envolvido apesar da avançada idade.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Monsenhor Eduardo Melo Peixoto faleceu, poucos dias antes de presidir a um congresso internacional de turismo religioso, na Póvoa de Varzim, onde seria divulgado o livro de memórias que acabara de publicar. A iniciativa era organizada pela cooperativa Turel de Braga, a que presidia, numa das várias actividades em que continuava envolvido apesar da avançada idade.

Vigário-geral da arquidiocese e deão do Cabido da Sé de Braga durante décadas, ficou conhecido em todo o país durante o Verão Quente de 1975, por ter liderado a oposição da igreja local às acções do PCP que então tentava estender a sua influência ao Norte do país, tendo chegado a associar-se a movimentos armados de direita ligados ao general António de Spínola.

Na década seguinte, viveu momentos difíceis ao ser acusado de envolvimento na morte do padre Max, um sacerdote próximo da extrema-esquerda de Vila Real, morto em 1976 em circunstâncias nunca esclarecidas. O cónego Melo negou sempre qualquer envolvimento no caso e não chegou sequer a ser pronunciado para julgamento, que viria a culminar na absolvição de todos os réus.

Depois de décadas ao serviço da diocese, em 2002 pediu ao arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, a demissão dos cargos de vigário-geral e deão do Cabido da Sé, por ter atingido os 75 anos de idade. O afastamento do cónego seguiu-se a um período de alguma tensão com o arcebispo, nomeadamente a propósito de uma estátua mandada erigir por um grupo de bracarenses em sua homenagem e que deveria ser colocada numa rotunda da cidade. A polémica gerada pelo caso levaria a que a homenagem ao cónego não se completasse e desde então a estátua encontra-se guardada num armazém municipal.

A sua actividade recente passava, nomeadamente, pela presidência da Confraria de Nossa Senhora do Sameiro e da Irmandade de São Bento da Porta Aberta, pelo ISAVE – Instituto Superior do Vale do Ave e pela presidência do Conselho Geral do Sporting de Braga, a que sempre esteve ligado. É um dos poucos contemplados com a medalha de ouro da cidade de Braga.