Afinal as lagostas sentem dor

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A questão sobre a dor e as lagostas tem intrigado a ciência Paulo Pimenta/PÚBLICO

Parece um asunto meramente do foro culinário, mas a questão da sensibilidade das lagostas à dor tem ocupado muitas equipas científicas ao longo dos tempos.

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Parece um asunto meramente do foro culinário, mas a questão da sensibilidade das lagostas à dor tem ocupado muitas equipas científicas ao longo dos tempos.

Agora, uma equipa da Queen's University, em Belfast, Irlanda, decidiu também tentar encontrar a resposta à questão. Decidiu torturar 144 lagostas, colocando uma gotinhas de ácido acético (uma espécie de ácido fraco com cheiro a vinagre) nas suas antenas. Imediatamente os bichos agitavam e esfregavam a antena afectada, deixando as outras paradas.

Robert Elwood, responsável pela equipa, conclui que qualquer ser vivo é sensível à dor, ou pelo menos a uma experiência mais traumática, algo essencial para a evitar e para conseguir, no fundo, sobreviver.

O estudo da equipa de Belfast fará decerto as delícias dos defensores dos direitos dos animais, que há muito se batem contra a tortura da lagosta viva mergulhada em água a ferver.

Mas a discussão sobre a sensibilidade dos não-vertebrados, e se estes terão um sistema nervoso suficientemente desenvolvido para ter dor, estará longe do ponto final. O diário britânico "Guardian" lembra um estudo da Universidade de Liverpool, de uma equipa que estudava a dor em peixes, que concluiu que os camarões, por exemplo, não têm sequer um cérebro reconhecível como tal. Mas a equipa de Belfast responde: "Lá porque os caranguejos não têm a arquitectura dos centros da visão igual à dos humanos não quer dizer que não vejam. O que conta é saber se os invertebrados têm uma arquitectura neurológica que lhes permita sentir dor."