Curdos: uma população vítima de impérios e promessas quebradas

Foto
Para os curdos, as montanhas são os únicos amigos Reuters

Viveram a maior parte da sua história sem governo próprio, subjugados por nações mais poderosas. Ainda assim, os entre 25 e 35 milhões de curdos - pelo menos 14 milhões na Turquia, mais de cinco milhões no Iraque, quatro milhões no Irão, quase dois na Síria, para além das minorias curdas na Arménia, Azerbaijão e na diáspora (sobretudo Alemanha) - são testemunho de um dialecto que foi preservado, próximo do farsi do Irão, e de tradições próprias. A maioria são muçulmanos sunitas; um quinto serão xiitas. E garantem que não há uma etnia tão grande sem um Estado.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Viveram a maior parte da sua história sem governo próprio, subjugados por nações mais poderosas. Ainda assim, os entre 25 e 35 milhões de curdos - pelo menos 14 milhões na Turquia, mais de cinco milhões no Iraque, quatro milhões no Irão, quase dois na Síria, para além das minorias curdas na Arménia, Azerbaijão e na diáspora (sobretudo Alemanha) - são testemunho de um dialecto que foi preservado, próximo do farsi do Irão, e de tradições próprias. A maioria são muçulmanos sunitas; um quinto serão xiitas. E garantem que não há uma etnia tão grande sem um Estado.

O nacionalismo curdo surgiu na década de 1890. Até lá, "eram instrumentalizados pelos poderes imperiais persa e otomano que lhes davam um grande espaço e os utilizavam como excedentes" para fazer reinar a ordem nas fronteiras ou controlar as outras minorias, adiantou à AFP o investigador Oliver Roy. "Foi quando os dois nacionalismos turco e persa se laicizaram que os curdos desenvolveram uma reivindicação étnico-nacional."

Em 1920, o Tratado de Sèvres prometia-lhes um Estado autónomo. Em vez disso, o líder turco Kemal Ataturk deu mais tarde ordens para esmagar as lutas independentistas. As perspectivas de um Curdistão independente ficaram mais enterradas quando a Turquia se aliou ao Irão e Iraque para, em 1937, assinar o pacto de Saadabad, destinado a coordenar esforços para acabar com os "grupos armados". Em 1984, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão pegava em armas para reivindicar um Estado - a sua luta já fez mais de 30 mil mortos.

Num artigo de Agosto de 2006, a Economist escrevia que "é difícil determinar com precisão o grau de liberdade que merecem os curdos da região, e até que ponto devem poder - e se encorajados a - gozar de um autogoverno num canto do Médio Oriente que é já de si um isqueiro de rivalidades sectárias e étnicas".

Só mais recentemente, com a entrada na União Europeia no horizonte, é que a Turquia começou a tratar melhor os curdos (até 1991 era ilegal falar curdo sem ser em casa). "A região autónoma do Iraque, com bandeira própria, parlamento e Exército, fez aumentar o orgulho e a confiança curda por todo o lado", adiantava o mesmo artigo.

Fontes

: agências, Wikipédia, everyculture.com