Teresa Ricou: morte de Marcel Marceau é "perda irreparável" na arte da comunicação sem palavras

Foto
Marcel Marceau era muito conhecido pelo seu personagem Bip, inspirado em Charlie Chaplin Pilar Olivares/Reuters (arquivo)

"Era um purista da arte da comunicação sem palavras, com um estilo único, uma espécie de filigrana muito preciosa", comparou a artista, que também dedicou a vida aos palcos como Teté, a mulher-palhaço, e dirige actualmente a escola de artes circenses Chapitô, em Lisboa.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

"Era um purista da arte da comunicação sem palavras, com um estilo único, uma espécie de filigrana muito preciosa", comparou a artista, que também dedicou a vida aos palcos como Teté, a mulher-palhaço, e dirige actualmente a escola de artes circenses Chapitô, em Lisboa.

Apesar de ter estudado com Jacques Lecoq - uma escola internacional de mímica diferente da de Marcel Marceau - Teresa Ricou disse ter sido influenciada pelo trabalho do mimo francês, "que deu um grande contributo à arte da comunicação pelo gesto".

Marcel Marceau "fez um trabalho único, que requer muita persistência no domínio do corpo. Ele tinha um dom e era de tal maneira purista que se torna numa perda irreparável", salientou.

Conhecido pelo seu personagem Bip, inspirado em Charlie Chaplin, Marcel Marceau morreu com 84 anos e será sepultado nos próximos dias no cemitério parisiense Pére Lachaise, em Paris.

Nascido em Estrasburgo em 22 de Março de 1923, tornou-se um dos artistas franceses mais conhecidos no mundo, em especial nos Estados Unidos onde o seu movimento da "marcha contra o vento" marcou uma revolução na cena teatral, que inspirou por exemplo "Moonwalk", de Michael Jackson.

Ingressou na escola de arte dramática Charles Dullin, em 1946, onde travou uma relação especial com o professor Etienne Decroux e um ano mais tarde criou o personagem Bip, um ser marcado pela sensibilidade e pela poesia que lhe permitiu explorar a sociedade moderna concentrando-se na sua dimensão trágica.

Em 2003, com 80 anos, actuou em Portugal e dois anos depois fez uma digressão de despedida pela América Latina, passando por Cuba, Colômbia, Chile e Brasil.