Vitus

"Vitus" é um conto humanista alimentado por uma suave vontade de rebeldia; é a história de um miúdo sobredotado, uma "criança-prodígio" possuidora de um invulgar talento para o piano e de um QI que rebenta com as tabelas de medição conhecidas.

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"Vitus" é um conto humanista alimentado por uma suave vontade de rebeldia; é a história de um miúdo sobredotado, uma "criança-prodígio" possuidora de um invulgar talento para o piano e de um QI que rebenta com as tabelas de medição conhecidas.

O miúdo (que se chama Vitus) sabe melhor o que quer do que toda a gente pensa, e aborrece-se com a"overdose" de planos que os pais têm para ele e com aestufa em que o fazem viver; tratará, em consequência, de pôr de pé uma ardilosa encenação demaneira a conquistar espaço para, digamos, respirar.

Murer filma esta história com subtileza e atenção aopormenor, sem rasgos mas sem quebras no tom, e sem nenhuma, mas rigorosamente nenhuma, pieguice.

São curiosas as menções à "modernidade", sejam as operações de especulação bolsista a que Vitus (como parte da dita encenação) se dedica, seja a lógicaempresarial feroz da firma onde o pai dele trabalha, seja, ainda, o que rodeia a figura do avô, velhote nostálgico e maior cumplice do neto, apaixonado pela aviação e adepto de simuladores de voo.

O avô é Bruno Ganz, de regresso à sua raiz suíça; os outros actores, Julika Jenkins e Urs Jucker (como pais do miúdo) são excelentes, e o "casting"dos dois rapazes que fazem de Vitus (aos seis e aos dozeanos, sensivelmente) dificilmente teria sido mais certeiro. Uma agradável mediania, para variar.