Universidade dos Açores identificou 108 novas algas em Santa Maria

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A investigadora propõe que as autoridades procedam à redução de algumas áreas actualmente protegidas DR

Ana Neto, que apresentou ontem à noite as conclusões do projecto Parqmar, desenvolvido na ilha de Santa Maria, adiantou que estão a decorrer os estudos de biologia molecular para determinar se a "Rosa da Pedra" e o "Esparguete do Mar" são ou não algas novas.

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Ana Neto, que apresentou ontem à noite as conclusões do projecto Parqmar, desenvolvido na ilha de Santa Maria, adiantou que estão a decorrer os estudos de biologia molecular para determinar se a "Rosa da Pedra" e o "Esparguete do Mar" são ou não algas novas.

"Contamos com a colaboração de laboratórios especializados nesta área para realizar o estudo e penso que brevemente teremos resultados", afirmou a investigadora açoriana, que identificou ainda cerca de 96 espécies de peixe na ilha, doze das quais vivem exclusivamente a baixa profundidade.

O projecto Parqmar, financiado pelo Interreg III-B, permitiu proceder à caracterização, ordenamento e gestão de áreas marinhas protegidas na Macaronésia, que agrupa os arquipélagos dos Açores, da Madeira e das Canárias.

Segundo explicou a investigadora, estas duas novas algas permitem efectuar posteriores comparações anatómicas entre outras espécies já identificadas, contribuindo para "a compreensão de alguns mecanismos de evolução das comunidades costeiras existentes em Santa Maria".

A responsável alertou para a necessidade de se proceder a estudos específicos da dinâmica populacional de espécies de peixes, como a veja e a garoupa, porque junto à costa foram encontrados apenas "peixes pequenos, que têm de crescer para se poderem reproduzir".

Neste âmbito, a investigadora propõe que as autoridades procedam à redução de algumas áreas actualmente protegidas, como por exemplo a costa norte da ilha, e a restrição total de pesca noutras para garantir os "ciclos de vida das espécies comerciais".

"Trata-se de estabelecer uma solução de compromisso [com os pescadores] para melhorar a qualidade ambiental, de vida marinha e de quem vive da pesca" em Santa Maria, sublinhou Ana Neto.

Para a secretária regional do Ambiente e do Mar, Ana Paula Marques, que está em Santa Maria no âmbito da visita estatutária efectuada pelo Governo Regional, os resultados deste tipo de estudos são importantes para preservar o meio ambiente, mas também para desenvolver a actividade turística ligada à natureza.

"A atitude de encontrar segmentos específicos para o turismo de natureza em algumas ilhas é uma preocupação de altíssima importância e temos todos de trabalhar muito para inventarmos novos produtos turísticos, oferecendo mais inovação a quem nos visita", referiu Ana Paula Marques.

A criação de roteiros de mergulho, a candidatura da Graciosa a região da biosfera e a posterior construção de um parque marinho na ilha são projectos que a governante considerou serem "fundamentais" para atrair mais turistas, sobretudo para "ilhas que, neste momento, não são tão apelativas a nível turístico".

Sublinhando que o Governo açoriano está a apoiar financeiramente os jovens empreendedores, Ana Paula Marques defendeu que esta estratégia abre possibilidades aos geólogos e biólogos nos Açores para formarem empresas que ofereçam passeios e mergulhos, uma vez que são profissionais "que detêm conhecimento científico".

A secretária do Ambiente e do Mar anunciou, ainda, que será feito um esforço para concentrar num único diploma, a apresentar um Junho em Conselho de Governo, a nova cartografia com as áreas marinhas e terrestres das ilhas.

"Temos cerca de 18 por cento de áreas protegidas nos Açores com denominações múltiplas que importa rectificar, dado que há diplomas sem interesse para a conservação da natureza", disse Ana Paula Marques.