O ronronar da gata

É claro que, como em tudo, é uma questão de perspectiva, mas não se trata propriamente de um currículo que nos deixasse a salivar em antecipação da "estreia americana de Pitof". Digamos para resumir que "Catwoman" está à altura dessa ausência de expectativas: é um filme banalíssimo, falhado quer como espectáculo quer como "descrição de um super-herói", quase ridículo no tratamento da dimensão psicológica e existencial que faz a força dos super-heróis dos "comics", e sem ponta de imaginação mesmo na área que, presumir-se-ia, seria a especialidade de Pitof: o "visual", obviamente.

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É claro que, como em tudo, é uma questão de perspectiva, mas não se trata propriamente de um currículo que nos deixasse a salivar em antecipação da "estreia americana de Pitof". Digamos para resumir que "Catwoman" está à altura dessa ausência de expectativas: é um filme banalíssimo, falhado quer como espectáculo quer como "descrição de um super-herói", quase ridículo no tratamento da dimensão psicológica e existencial que faz a força dos super-heróis dos "comics", e sem ponta de imaginação mesmo na área que, presumir-se-ia, seria a especialidade de Pitof: o "visual", obviamente.

Halle Berry, que começa o filme como empregada de uma agência de publicidade vítima dos abusos profissionais do patrão (Lambert Wilson) e acaba a passear sobre os telhados de Nova Iorque à espera que chegue a sequela, também terá as suas culpas no cartório. Volta a ser uma questão de perspectiva, mas aqui para nós que ninguém nos ouve Berry deve ser das grandes "stars" femininas da Hollyood actual aquela com menos carisma e "allure" - a sua Catwoman é muito dengosa, mas ronrona mais do que mia, vive de trejeitos e maneirismos que acabam por ser bastante irritantes. Não admira, pois, que seja cilindrada no confronto com uma Sharon Stone quarentona e má como as cobras - se há coisa que Stone tem é tudo aquilo que Berry não tem, mesmo num papel ligeiramente caricatural de má da fita ("but then again", o de Berry também é uma caricatura).

Sharon Stone é mesmo o único paliativo para um filme em que tudo parece mal enjorcado, a começar no argumento muito básico e a acabar numa realização e montagem incapazes de criarem qualquer sensação de empolgamento ou, no mínimo, "entertainment" digno desse nome, um filme que, na pior das hipóteses, não seja um aborrecimento.