Morreu Ronald Reagan

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Bob Galbraith/AP

Segundo um amigo da família, o antigo Presidente morreu na sua residência em Bel-Air, na Califórnia, cerca das 14h00 locais (22h00 em Lisboa), rodeado pela mulher e os dois filhos.

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Segundo um amigo da família, o antigo Presidente morreu na sua residência em Bel-Air, na Califórnia, cerca das 14h00 locais (22h00 em Lisboa), rodeado pela mulher e os dois filhos.

Horas antes de ser anunciada a sua morte, a imprensa norte-americana dava conta de um agravamento do estado de saúde de Reagan, mas a informação foi desmentida pelo porta-voz da família.

O 40º Presidente dos EUA (1980-89) anunciou em 1994 que sofria da doença de Alzheimer, uma doença neuro-degenerativa, tendo-se afastado progressivamente da vida pública.

Numa das primeiras reacções conhecidas à morte de Reagan, a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, sua grande aliada e amiga, lamentou a morte de "um grande herói americano".

A Casa Branca depois de Hollywood

O antigo actor de Hollywood, que chegou à Casa Branca já com 69 anos, é considerado por muitos como um dos mais carismáticos Presidentes da história dos EUA e aquele que conseguiu vencer a Guerra Fria, abrindo uma via de diálogo com o então líder soviético, Mikhail Gorbatchev.

Ronald Reagan, conhecido pelo bom-humor, centrou toda a sua presidência no combate ao comunismo e no renascimento da auto-confiança do país, ainda em convalescença das feridas causadas pela Guerra do Vietname, investindo para isso somas até aí inimagináveis no arsenal militar do país.

Antes de chegar à presidência, Reagan tinha já um longo currículo fora de Washington, primeiro como jornalista desportivo na rádio, actor de cinema, apresentador de televisão, e depois, por duas vezes, governador do Estado da Califórnia.

Durante o primeiro mandato na Casa Branca, Reagan lançou-se num programa de liberalização da economia Americana, que deu a conhecer logo no discurso de tomada de posse, em 1981, quando afirmou: "o Governo não é a solução, o Governo é o problema". Apesar das críticas do sector mais à esquerda e do corte nas regalias sociais, o plano resultou no relançamento da economia americana.

A nível externo, investiu enormes somas na modernização das forças armadas, delineando o programa de defesa antimíssil que viria a ser conhecido por "guerra das estrelas", ao mesmo tempo que negociava com a União Soviética um programa de controlo do armamento.

O segundo mandato ficou marcado pelo escândalo do “Irangate”, quando se tornou público a sua autorização para a venda secreta de armas ao Irão, entre 1985 e 1987, em troca da ajuda de Teerão para a libertação de reféns norte-americanos sequestrados no Líbano. Parte do dinheiro resultante da venda seria usado no financiamento dos rebeldes que lutavam contra o então governo socialista da Nicarágua.

Apesar das investigações políticas ao escândalo, Reagan abandonou a Casa Branca em 1989 com a sua popularidade a atingir os níveis mais elevados, transformando-o no mais popular dos ex-Presidentes norte-americanos. Este fenómeno reflectia a sua grande capacidade de comunicação, em especial com o cidadão comum, e o à-vontade com que enfrentava as câmaras.

Em Março 1981, meses depois de ter derrotado Jimmy Carter, que concorria a um segundo mandato, Reagan sobreviveu a uma tentativa de assassinato. Ao sair de um hotel em Washington, onde acabava de proferir um discurso, Reagan foi visado por seis tiros disparados à queima-roupa, um dos quais se alojou a escassos centímetros do coração, mas viria recuperar. Quatro anos depois foi reeleito pela maior margem de sempre, conquistando a vitória em 49 dos 50 estados norte-americanos.

O corpo do antigo Presidente deverá ser sepultado junto à biblioteca baptizada com o seu nome, em Simi Valley, a norte de Los Angeles, mas antes disso o caixão deverá ser velado em Washington num funeral que terá honras de Estado.