Um filme em três episódios

"Ilhas": à procura de inspiração para um novo filme, Moretti viaja até à ilha de Lipari, onde vive Gerardo, um amigo que já não vê há mais de uma década e se dedica a estudar o "Ulisses" de James Joyce. Mas a calma e tranquilidade que tanto um como o outro ambicionam foge-lhes a cada passo, à medida que deambulam pelas outras ilhas - de Salina a Panarea, passando por Stromboli - a norte da Sicília. Quando parecem ter encontrado a paz, na mais selvagem Alicudi, o recente fascínio de Gerardo pela TV deita tudo a perder.

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"Ilhas": à procura de inspiração para um novo filme, Moretti viaja até à ilha de Lipari, onde vive Gerardo, um amigo que já não vê há mais de uma década e se dedica a estudar o "Ulisses" de James Joyce. Mas a calma e tranquilidade que tanto um como o outro ambicionam foge-lhes a cada passo, à medida que deambulam pelas outras ilhas - de Salina a Panarea, passando por Stromboli - a norte da Sicília. Quando parecem ter encontrado a paz, na mais selvagem Alicudi, o recente fascínio de Gerardo pela TV deita tudo a perder.

"Médicos": Moretti narra a sua experiência com a doença e recorda como, durante um ano, viveu atormentado por uma comichão intensa, primeiro nos braços e pernas, depois alastrada para o resto do corpo. Por entre um périplo de consultas, é observado por um sem-número de médicos, entre dermatologistas, alergologistas, reflexólogos e naturalistas. Todos com teorias diferentes sobre o que o aflige e os tratamentos mais adequados. Até que um dia, através de um amigo imunólogo, descobre que sofre do linfoma de Hodgkin, um tumor no sistema linfático, do qual acaba por se curar.

Que é como quem diz, um dos mais conceituados realizadores italianos da actualidade, responsável por uma obra que é das mais pessoais e facilmente identificáveis do cinema moderno.

E se o primeiro título apresentado - um melodrama numa linha mais "clássica" e "narrativa" - marcou uma ruptura no cinema de Moretti, o segundo inscreve-se claramente no formato que lhe tem sido habitual. Ou seja, estamos perante um "esboço" autobiográfico e semi-improvisado, com o próprio realizador colocado no centro, expondo as suas convicções e ansiedades, ao sabor dos momentos.

Mescla mordaz de ficção e documentário, "Querido Diário" conquistou o Prémio de Melhor Realização no Festival de Cannes. Evoluindo como um diário filmado, livre e sedutor, é um dos melhores (e mais deliciosos) exemplos das reflexões sociopolíticas "morettianas".