Prémios Goldman distinguem protecção do ambiente em todo o mundo

O prémio anual, que já vai na 15ª edição, distingue pessoas de seis áreas geográficas: África, Ásia, Europa, ilhas, América do Norte e América Central e do Sul. Este ano foram atribuídos dois prémios para a região asiática.

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O prémio anual, que já vai na 15ª edição, distingue pessoas de seis áreas geográficas: África, Ásia, Europa, ilhas, América do Norte e América Central e do Sul. Este ano foram atribuídos dois prémios para a região asiática.

Para marcar o 15º aniversário do prémio foi feito um balanço, que demonstra que o trabalho de todos os vencedores afectou de forma positiva cerca de 102 milhões de pessoas em todo o mundo.

Margie Richard, de 62 anos e vencedora na América do Norte, lutou durante 13 anos para que a central da Shell Chemical em Norco, Louisiana, compensasse os danos que a emissão de químicos tóxicos causou naquela comunidade, já conhecida por "Cancer Alley", e pela recuperação do ambiente. Em 2002, a Shell concordou em pagar os custos de realojamento dos habitantes e em reduzir em 30 por cento as emissões da sua unidade em Norco.

Em África foi distinguido Rudolf Amenga-Etego, do Gana, por ter sido o responsável pela suspensão de um projecto de privatização de águas financiado pelo Banco Mundial. O plano iria impedir as comunidades locais de acederem a água potável e obrigaria as raparigas, responsáveis por providenciar água às suas famílias, a caminhar vários quilómetros por dia.

Rashida Bee, de 48 anos, e Champa Devi Shukla, de 52 anos, venceram o prémio na Ásia. Apesar da falta de dinheiro e fraca saúde devido à exposição a gases tóxicos, ambas emergiram como líderes na luta internacional pela responsabilização da Dow Chemical pelo acidente de 1984 em Bopal, Índia. A fuga de gás matou 20 mil pessoas e feriu 150 mil. Bee e Shukla exigem a limpeza do local e o pagamento dos custos com cuidados médicos e de anos de contaminação de solos e águas.

Na América Central e do Sul o prémio distinguiu Libia R. Grueso Castelblanco, da Colômbia. Depois de anos de conflitos armados e de narcotráfico, várias comunidades rurais foram deslocadas, criando uma catástrofe ecológica. Castelblanco conseguiu garantir-lhes direitos a uma parcela de território, incluindo uma zona de floresta tropical.

Manana Kochladze, de 32 anos, foi o vencedor pela Europa. Obrigou à realização de um estudo de impacte ambiental e na saúde das pessoas da construção de um oleoduto que passaria por um parque nacional e zona de captação de água na Georgia.

Timor-Leste ficou representado por Demetrio do Amaral de Carvalho, de 37 anos, por ser responsável pela inclusão da justiça ambiental na Constituição do país. Estes princípios vão orientar a gestão sustentável das florestas e recifes de coral do país.

"Quinze anos depois, os prémio Goldman continuam a homenagear heróis que, muitas vezes, vão contra fortes interesses", comentou Richard N. Goldman, fundador do prémio. "Mais de cem vencedores de 61 países tornaram este prémio representativo do crescente movimento ambiental".

Os vencedores são seleccionados por um júri internacional, a partir de nomeações submetidas através de uma rede mundial de organizações ambientais. O prémio é de 125 mil dólares (104 mil euros).