Vírus da pneumonia atípica sofreu mutações para se adaptar ao organismo humano

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As primeiras pessoas foram infectadas por um vírus semelhante ao detectado nos gatos almiscarados Peter Parks/AFP

Segundo os investigadores, o vírus detectado nos primeiros pacientes a quem foi diagnosticada pneumonia atípica era muito semelhante ao detectado nos gatos almiscarados (o primeiro animal em que foi detectado o agente infeccioso).

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Segundo os investigadores, o vírus detectado nos primeiros pacientes a quem foi diagnosticada pneumonia atípica era muito semelhante ao detectado nos gatos almiscarados (o primeiro animal em que foi detectado o agente infeccioso).

"Observámos o vírus a aperfeiçoar-se para se adaptar melhor aos novos hospedeiros — os humanos", escreve Chung-I Wu, professor catedrático de Ecologia e Evolução da Universidade de Chicago.

"É perturbador, à medida que vemos o vírus a aperfeiçoar-se, sob pressão selectiva, aprendendo a transmitir-se de pessoa para pessoa e acabando por adoptar a versão mais eficaz", afirma o perito, concluindo que este método poderá explicar a razão por que o vírus se torna mais infeccioso à medida que se vai propagando.

O estudo é resultado de investigações conjuntas entre a equipa de Wu, o Centro Nacional Chinês do Genoma Humano e vários especialistas chineses, incluindo peritos do Centro para a Prevenção e Controlo de Cantão.

Este estudo vem reforçar a hipótese de que o vírus foi transmitido ao homem por animais e poderá ajudar os peritos a entender melhor a forma como ele se propaga.

Segundo os cientistas, a SARS, vulgo pneumonia atípica, é causada por uma nova estirpe do coronavírus, o agente responsável pela gripe comum no ser humano e por várias infecções semelhantes em diferentes espécies animais.

De acordo com os dados existentes, a primeira pessoa terá sido infectada por um vírus semelhante ao detectado nos gatos almiscarados, cuja carne é muito apreciada no Sul da China, precisamente a zona onde a doença foi registada pela primeira vez.

Terá sido quando o vírus começou a transmitir-se de pessoa para pessoa que começou a sofrer mutações, para se adaptar melhor ao organismo humano — num processo que o tornou muito perigoso para o Homem.

Foi nesta altura (Março do ano passado) que ocorreu a fase de "grande disseminação", em que uma única pessoa doente infectou dezenas de outras, no caso um médico que transmitiu o vírus a dezenas de pessoas que estavam hospedadas no mesmo hotel em Hong Kong.

Com o tempo, o vírus abrandou o ritmo de mutações, evoluindo, no final da epidemia (em Julho de 2003) para uma forma genética mais estável, concluiu a equipa chefiada por Wu.

Os investigadores acreditam que, caso o vírus se mantenha estável, será relativamente mais fácil encontrar uma vacina contra a SARS.

Entre Novembro de 2002 e Julho do ano passado, cerca de oito mil pessoas em mais de 30 países foram infectadas com o vírus responsável pela pneumonia atípica, mais de metade das quais na China. Oitocentas pessoas acabaram por morrer.

Desde Julho que não se registavam novos casos, mas no início deste ano foram confirmados dois novos casos, ambos na China, sem que se tenha ainda conseguido determinar qualquer relação entre eles nem apurar como foram infectados.