Camarões e Vietname disputam comboios portugueses

Foto
A CP lançou um concurso público internacional para vender 22 das 29 Unidades Duplas a Diesel que faziam serviço suburbano Eduardo Martins

A CP lançou um concurso público internacional para vender 22 das 29 UDD (Unidades Duplas a Diesel) que faziam serviço suburbano no norte numa linha onde a circulação será assumida pelo sistema do Metro do Porto. Sete estão agora afectas à linha do Vouga.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A CP lançou um concurso público internacional para vender 22 das 29 UDD (Unidades Duplas a Diesel) que faziam serviço suburbano no norte numa linha onde a circulação será assumida pelo sistema do Metro do Porto. Sete estão agora afectas à linha do Vouga.

Ao concurso apresentou-se a Camerail, um operador ferroviário dos Camarões que oferece um milhão de euros por cinco unidades, os caminhos de ferro do Vietname que propõem 900 mil euros por sete UDD e a Emepa, uma empresa argentina que pretende adquirir as 22 automotoras por 500 mil euros. A proposta mais baixa foi apresentada pela O2 - Tratamento e Limpezas Ambientais, SA, uma empresa de Canas de Senhorim (Nelas) que ofereceu apenas 500 mil euros por todo o material.

As melhores propostas partiram dos concorrentes que vieram expressamente visitar as automotoras e que valorizaram a sua boa manutenção e o bom estado em que se encontram.

As Unidade Duplas a Diesel são de origem francesa e foram fornecidas pela Alstom (à época GEC Alsthom) à CP nos fins dos anos setenta para substituirem os últimos comboios a vapor que ainda operavam em Portugal na linha da Póvoa. Técnicos do sector asseguram que, apesar da sua idade, o facto de terem sido sempre mantidas pela mesma equipa da EMEF (Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário), uma filial da CP, explicam a boa conservação destas automotoras.

Outro factor de valorização é o facto de se tratar de material de via estreita que o torna muito apetecível pelos caminhos de ferro africanos onde a bitola (distância entre carris) é apenas 6,8 centímetros maior que a bitola de um metro usada em Portugal. Uma simples adaptação nos rodados permite que os comboios circulem nesses países. Daí que, em ocasião anterior, a CP já tenha vendido locomotivas a diesel que circularam na linha do Tua para o Togo.