Brasileiro Rubem Fonseca recebe Prémio Camões

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O júri do prémio anunciou o nome de Rubem Fonseca esta tarde, no Rio de Janeiro.

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O júri do prémio anunciou o nome de Rubem Fonseca esta tarde, no Rio de Janeiro.

José Rubem Fonseca, 78 anos, passou pelo Direito e pela polícia - profissão que exerceu nos anos 50 -, onde foi buscar inspiração para muitos dos seus textos. A polícia, onde exercia sobretudo funções de relações públicas, deu-lhe a possibilidade de viajar até aos Estados Unidos na mesma década, onde estudou na Universidade de Nova Iorque.

Viúvo, Zé Rubem, como é chamado carinhosamente pelos amigos, tem três filhos e é conhecido pela sua discrição e pela aversão ao estrelato. Amante da literatura e do conto, em particular, interessa-se também pelo cinema e escreveu guiões para filmes .

É autor de "A coleira do cão" (1965), "Lúcia McCartney" (1967), "O cobrador" (1979), "A grande arte" (1983), "Vastas emoções e pensamentos imperfeitos" (1988) e "O buraco na parede" (1995), entre outros.

Este ano, o júri foi composto por Isabel Pires de Lima, Eduardo Prado Coelho, em representação de Portugal; Heloísa Buarque de Holanda e Zuenir Ventura, pelo Brasil; e ainda Pepetela e Lourenço do Rosário, pelos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP).

Instituído em 1989 pelos governos português e brasileiro com vista a estreitar os laços culturais entre os vários países lusófonos e enriquecer o património literário e cultural da língua portuguesa, o Prémio Camões tem o valor pecuniário de cem mil euros.

O primeiro galardoado com a distinção foi o escritor português Miguel Torga, em 1989, seguindo-se o brasileiro João Cabral do Melo Neto, depois José Craveirinha, de Moçambique, e, em 1992, novamente um português, Vergílio Ferreira.

A primeira mulher galardoada seria a brasileira Rachel de Queiroz, em 1993, seguindo-se o seu compatriota Jorge Amado e o português José Saramago, em 1995, três anos antes do reconhecimento internacional do Prémio Nobel da Literatura.

O escritor e filósofo Eduardo Lourenço obteve o Prémio Camões em 1996, sendo sucedido pelo angolano Pepetela, nome com que Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos assina os seus livros, que por sua vez viria a "passar o ceptro" a António Cândido de Mello e Souza, do Brasil, em 1998.

O ano de 1999 ficaria marcado pela atribuição, pela primeira vez, do prestigiado galardão a uma escritora portuguesa, a poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen, a quem se seguiu o brasileiro Autran Dourado e, já em 2001, o poeta português Eugénio de Andrade.

Maria Velho de Costa, uma das "Três Marias" autoras da polémica obra "Novas Cartas Portuguesas" (co-escrita com Maria Teresa Horta e Maria Isabel Barreno), foi a vencedora da última edição, em 2002.