Associação de Arquitectos Paisagistas despejada à força pela Câmara Municipal de Lisboa

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A associação é presidida pelo arquitecto Ribeiro Telles PÚBLICO

O despejo forçado foi constatado pela secretária da associação, que, quando se preparava para começar a trabalhar, se deparou com o pandemónio.

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O despejo forçado foi constatado pela secretária da associação, que, quando se preparava para começar a trabalhar, se deparou com o pandemónio.

Esta súbita intervenção da polícia, que interrompeu um processo de negociações entre a associação e a autarquia, proprietária do imóvel, aconteceu um dia depois do presidente da câmara ter visitado o palacete e se ter informado sobre todo o processo relativo à associação, presidida pelo arquitecto Ribeiro Telles – também ele recentemente desalojado das instalações camarárias que ocupava na Rua do Ouro e dispensado pela autarquia.

Em Agosto passado a câmara vistoriara o edifício da Rua do Século, tendo constatado que ele apresentava “problemas estruturais graves”. Comunicou então à associação e à Casa da Madeira, que também ocupava o imóvel, a necessidade de deixarem o palacete, que entraria em obras.

Em Outubro, associação — que já fizera obras de reabilitação na zona que ocupava — perguntou à câmara se era sua intenção denunciar o protocolo de cedência de instalações entre as duas entidades, o que implicaria uma indemnização. Foi-lhe respondido que não. “Foram-nos propostas quatro hipóteses [de mudança de instalações]”, conta o vice-presidente da associação, João Gomes da Silva. “Três delas não tinham condições mínimas, mas mostrámo-nos interessados nas instalações da Quinta da Paz, ao Paço do Lumiar. Isto estava a ser negociado.”

As obras municipais começaram na zona deixada livre pela Casa da Madeira, que foi reinstalada no Restelo. A associação é uma instituição de utilidade pública, à qual recorrem diariamente os paisagistas para tratar de documentação necessária à instrução de concursos públicos e projectos. O gabinete da vereadora do Urbanismo afirma que o despejo se deveu ao facto de a associação ter “levado seis meses a dar uma resposta”. Agora, o assunto transitou para o gabinete do vice-presidente, Carmona Rodrigues, segundo o qual “a câmara está a fazer os possíveis para encontrar uma solução” para o problema.