Acrilamida pode não ter qualquer relação com cancro

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Estudos divulgados em 2002 descobriram altos níveis de acrilamida em produtos alimentares como batatas fritas e pão DR

Trabalhos divulgados em 2002 descobriram altos níveis de acrilamida em produtos alimentares como batatas fritas e pão. Os peritos apressaram-se a defender que os fabricantes deveriam dar aos consumidores informações sobre a quantidade desta substância nos alimentos.

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Trabalhos divulgados em 2002 descobriram altos níveis de acrilamida em produtos alimentares como batatas fritas e pão. Os peritos apressaram-se a defender que os fabricantes deveriam dar aos consumidores informações sobre a quantidade desta substância nos alimentos.

Agora, num estudo publicado ontem no "British Journal of Cancer", investigadores suecos e norte-americanos afirmam não ter detectado um risco acrescido de cancro no intestino grosso, bexiga ou rins ligado a alimentos com altos níveis dessa substância.

Trata-se do primeiro estudo relativo a esta problemática divulgado depois de ter sido dado o alarme sobre a acrilamida.

No entanto, alguns peritos alertaram para o facto de o estudo se basear em questionários conduzidos em 1999, recolhidos com um objectivo diferente, admitindo que poderá ser muito cedo para negar a suspeita da ligação.

A equipa, constituída por investigadores do Instituto Karolinska de Estocolmo e da Faculdade de Saúde Pública de Harvard, em Boston, Massachusetts, comparou as dietas de 987 pacientes com cancro e de 538 pessoas saudáveis, que listaram os seus hábitos alimentares para um estudo não relacionado com o tema conduzido há quatro anos.

O objectivo foi fazer uma listagem de quantas vezes eram ingeridos 188 tipos diferentes de alimentos, incluindo alguns que continham altos ou médios níveis de acrilamida, tais como batatas fritas, pão e bolos.

Os trabalhos não detectaram qualquer aumento no risco de contrair cancro entre as pessoas que consumiam produtos alimentares com altos níveis de acrilamida.

"A descoberta no ano passado de que muitos tipos de alimentos continham altos níveis de acrilamida foi perturbadora, já que a acrilamida está classificada como um provável carcinogéneo", disse o investigador Lorelei Mucci, da Faculdade de Saúde Pública de Harvard. "Este estudo fornece provas preliminares de que existem menos motivos de preocupação do que se pensava", acrescentou.

Em Abril de 2002, investigadores suecos fizeram soar o alarme sobre a acrilamida, descobrindo que esta substância potencialmente cancerígena se forma quando alimentos ricos em hidratos de carbono (batatas, arroz, cereais) são cozinhados a altas temperaturas, através da fritura.

Testes em animais revelaram que a acrilamida é causadora de cancro, mas uma relação semelhante nunca foi provada em seres humanos, o que significa que, para já, ainda ninguém provou de forma concludente se altos níveis da substância nalguns alimentos representa de facto um problema de saúde.