Portas devia demitir-se, por uma questão de carácter, diz Pacheco Pereira

Foto
PUBLICO.PT

Pacheco Pereira, que falava no programa "Flashback" da TSF (gravado sexta-feira mas só hoje emitido), atacou duramente o comportamento do ministro de Estado e da Defesa em toda a polémica da Universidade Moderna, tendo concluído que a única saída possível para Paulo Portas é a demissão, se quiser "continuar a apresentar-se como um homem de carácter".

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Pacheco Pereira, que falava no programa "Flashback" da TSF (gravado sexta-feira mas só hoje emitido), atacou duramente o comportamento do ministro de Estado e da Defesa em toda a polémica da Universidade Moderna, tendo concluído que a única saída possível para Paulo Portas é a demissão, se quiser "continuar a apresentar-se como um homem de carácter".

O eurodeputado lembrou os anos em que Portas era director d'"O Independente, falou "dos julgamentos taxativos" que o então jornalista terá feito nas páginas do jornal, das "carreiras políticas que destruiu" e de tudo o que "escreveu sobre situações iguais" à da Moderna para deixar claro que o ministro deve demitir-se.

"O que sempre escreveu, de forma claríssima, coloca um problema de carácter que é inevitável. Quem disse aquilo, quem atacou políticos daquela maneira não pode permanecer em funções, não pode sentir-se bem na sua pele", frisou Pacheco Pereira, para quem Paulo Portas "dormia melhor se tomasse essa decisão".

O eurodeputado referia-se às vezes em que o então jornalista exigia nas suas crónicas e editoriais a demissão de ministros do governo PSD.Pacheco Pereira iniciou a sua intervenção no programa da TSF, em que participaram ainda o dirigente popular Lobo Xavier e o deputado socialista José Magalhães, lembrando que não gosta de Paulo Portas "como político".

Fez depois uma apreciação do comportamento ético de Portas face à Universidade Moderna, sustentando que a instituição contratou o ministro da Defesa com o único propósito de beneficiar da "sua influência" e do seu "futuro promissor", dado que o líder do PP não só não é "um especialista" em sondagens, como sempre admitiu a sua "incapacidade de gestão"."Isto é eticamente reprovável porque mostra alguma venalidade" da parte de Paulo Portas, sublinhou Pacheco Pereira, sustentado que um político "não pode" aceitar "dar a sua influência" a uma instituição, recebendo, em troca, "condições excepcionais", como "um jaguar e verbas a fundo perdido".

O eurodeputado admitiu até que Paulo Portas pode ter agido de forma "irreflectida", mas não deixou de sustentar que o líder popular teve "pouco cuidado" na forma como se ligou à Universidade Moderna.

Afirmando por diversas vezes que considerava Paulo Portas "inocente de qualquer acusação criminal", o social-democrata não deixou de condenar também as posições que têm sido assumidas pelo líder do PP em relação à polémica, sobretudo o facto de se ter negado a ir ao Parlamento prestar esclarecimentos, optando por ir à TVI.

Lobo Xavier aponta o dedo ao PS

Lobo Xavier saiu em defesa do líder popular, acusando o PS de estar a usar a Moderna como arma de arremesso contra o Governo por não ter uma alternativa de oposição e, em resposta a Pacheco Pereira, disse serem normais as regalias que a universidade deu a Paulo Portas enquanto gestor do centro de sondagens.

O dirigente popular assegurou que Portas não vai demitir-se, tendo argumentado que uma eventual demissão do ministro de Defesa iria levantar "um problema de legitimidade complicado", dando a entender que também a liderança do PP e a própria coligação estariam em causa.

"Em democracia, há questão de legitimidade eleitoral a que não podemos deixar de ser sensíveis. Os votos do CDS-PP são, sobretudo, de Paulo Portas e é óbvio que o seu desaparecimento de cena colocaria um problema de legitimidade".

José Magalhães rejeitou esta teoria, sustentado que a saída de Portas do Governo não coloca necessariamente em causa a coligação e Pacheco Pereira não deixou de frisar que o ministro da Defesa "deve garantir que a coligação não cai caso ele abandone" o Executivo.

O deputado socialista acusou Paulo Portas e o CDS-PP de "excesso de arrogância na pressão sobre o poder judicial", desafiou o ministro da Defesa a esclarecer "quais são os interesses obscuros ligados aos sector do armamento" que estão a pressioná-lo e sustentou que o líder do CDS-PP ainda não deu todas as explicações sobre o caso "Moderna".

Duarte Lima também considera que Portas se devia demitir

Duarte Lima, em entrevista ao canal televisivo SIC Notícias, defendeu que, face à situação criada com as investigações em torno do caso Universidade Moderna relativas a Paulo Portas, o ministro de Estado e da Defesa Nacional se "devia demitir, ou no caso de ele não se demitir, muito claramente, o primeiro-ministro deveria demiti-lo".

Confrontado com o apoio dado pelo PSD a uma manifestação de apoio a Paulo Portas, convocada para hoje pelo CDS-PP, Duarte Lima considerou que esse apoio é "chocante" e "uma falta de respeito pela sua memória histórica".

"Os partidos têm uma memória e neste caso concreto uma memória colectiva que não é respeitada por esta posição", acrescentou.