Papa canoniza hoje o frade mais popular de Itália

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Roma prepara-se para receber mais de 300 mil pessoas Maurizio Brambatti/Ansa

Nascido em 1887, baptizado com o nome de Francesco Forgione, o padre Pio viria a tornar-se conhecido e venerado ainda em vida por milhares de pessoas, que lhe atribuíam poderes milagrosos. O facto valeu-lhe, logo em 1923, um decreto do então Santo Ofício, condenando as suas práticas e restringindo a sua acção ao santuário de San Giovanni Rotondo. De 1956 a 1962, o seu confessionário teve microfones instalados para averiguar o que o padre dizia aos fiéis. Foi o Papa Paulo VI quem ordenou o fim dessas medidas.

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Nascido em 1887, baptizado com o nome de Francesco Forgione, o padre Pio viria a tornar-se conhecido e venerado ainda em vida por milhares de pessoas, que lhe atribuíam poderes milagrosos. O facto valeu-lhe, logo em 1923, um decreto do então Santo Ofício, condenando as suas práticas e restringindo a sua acção ao santuário de San Giovanni Rotondo. De 1956 a 1962, o seu confessionário teve microfones instalados para averiguar o que o padre dizia aos fiéis. Foi o Papa Paulo VI quem ordenou o fim dessas medidas.

Quarto de sete filhos, entrou para os capuchinhos aos 16 anos depois de ter visto um frade de longa barba branca a mendigar uma fatia de pão à porta da sua casa. Aos 23 anos, foi atingido por estigmas nas mãos, nos pés e no tórax, que os seus devotos diziam que recordavam os estigmas de Jesus Cristo e que nunca mais cicatrizaram - até à sua morte, em 1968. A Igreja Católica, no entanto, não reconheceu a existência desses estigmas senão numa dezena de casos - e o padre Pio não está na lista. Os detractores deste padre italiano colocam mesmo em causa a autenticidade das feridas, mas as críticas mais importantes são para o negócio que rodeia a devoção do frade.

San Giovanni transformou-se de uma pequena aldeia do campo, em 1918, numa cidade de 26 mil habitantes, tornando-se um dos mais importantes lugares de peregrinação na Itália.

Uma das lendas que se conta dizia que o padre Pio tinha previsto a eleição de Karol Wojtyla como Papa, bem como o atentado sofrido por João Paulo II em 1981. O próprio Wojtyla já desmentiu ambas as histórias, mas sabe-se que, ainda quando era arcebispo de Cracóvia, Wojtyla escreveu ao padre Pio a interceder por uma amiga. A psiquiatra Wanda Poltawska, que sofria de um cancro na garganta, acabou por ficar curada, e assistiu, em Maio de 1999, à beatificação do padre Pio.

Para a canonização, o Vaticano reconheceu, em Dezembro último, a realização de um milagre não explicado cientificamente.