Quem era Mohamed Atta?

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O FBI acredita que Mohamed Atta pilotou o primeiro Boeing que embateu contra as torres gémeas DR

Agarrado ao testamento que Mohamed Atta deixou, o pai ainda se recusa a acreditar e coloca a possibilidade de ter sido um outro Mohamed, segundo o diário francês "Libération". O pai apresenta uma tese: o verdadeiro Atta foi raptado, os seus documentos foram destruídos e foi morto pelo verdadeiro terrorista, ligado à Mossad israelita, que pilotou o primeiro avião a chocar com as torres gémeas. "O meu filho não sabia pilotar e, além disso, detestava Bin Laden desde a explosão da embaixada do Egipto em Islamabad", garante.Nascido a 1 de Setembro de 1968, em Kafr al-Sheikh, Mohamed Atta passou a infância no Cairo, estudou arquitectura.
"Excelente aluno, passava as férias a ler romances ou publicações científicas. Não gostava dos tradicionais jogos de rapazes, como as lutas com pistolas de brincar. O seu passatempo preferido era jogar xadrez comigo", conta o pai, advogado reconhecido, chefe de uma família de classe média, que se diz crente, mas sem excessos. "Somos bons muçulmanos, mas nunca nenhum de nós pertenceu a um movimento político", afirma Mohamed al-Amir Atta.
Mohamed Atta começou por estudar arquitectura na Universidade do Cairo, ao mesmo tempo que aprendia inglês na universidade americana da capital egípcia e alemão no Instituto Goethe. O pai incentivou-o a contactar universidades na Alemanha e Suíça. "Não seria fácil ele partir. Tinha laços muito fortes com a família, especialmente com a mãe", lembra Mohamed al-Amir Atta. Ainda assim, em 1992, Mohamed Atta desembarca em Hamburgo, Alemanha, ingressando no terceiro ano de Urbanismo da universidade técnica. O professor de urbanismo Dittmar Machule lembra-se que o egípcio "falava muito bem alemão, logo à chegada" e que era "muito inteligente e aplicado".
Mohamed Atta vivia com outros estudantes estrangeiros e, em finais de 1992, começou a trabalhar como desenhador em Plankontor, departamento de urbanismo de Hamburgo. "Os desenhos eram muito precisos e muito peculiares. Ele era muito amável", recorda um dos colegas de trabalho. A única particularidade de Atta era interromper o trabalho para rezar. "Manifestava abertamente a sua religiosidade, mas de resto era muito reservado", acrescentou o colega.
A dada altura, Atta desaparece. Os professores deixam de saber dele e começa o hiato na sua biografia, até 1997.
Em 1998, reaparece em Hamburgo, com barba, manifestamente mudado, mas decidido a obter o seu diploma. "Deu-me a entender que tinha tido problemas de família e que se tinha tornado mais crente", explica o professor Dittmar Machule.
A entrega de diplomas ficou na memória de todos. Em 1999, após a apresentação de Atta, uma professora avança para ele para o felicitar pelo excelente trabalho e estende-lhe a mão. Atta recusa cumprimentá-la, explicando que os seus princípios o impedem de tocar numa mulher.
Ainda que já com o diploma nas mãos, Atta não abandonou Hamburgo. Com dois amigos — Said Bahaji, alemão de origem marroquina, e Ramzi Binalshibh, iemenita, ambos objecto de mandado de captura internacional, na sequência dos atentados de 11 de Setembro nos EUA — alugou um apartamento perto da universidade, onde ficaram até Fevereiro de 2000. Em Janeiro de 1999, o egípcio obteve autorização da associação de estudantes para formar um "grupo de trabalho islâmico", podendo usufruir de uma pequena sala de orações. Pouco depois, responsáveis universitários descobriram que um computador e um telefone tinham sido instalados na sala de preces.
Atta começou a preparar os atentados em 1999 com dois outros terroristas a bordo dos aviões desviados — Marwan al-Shehhi e Ziad Samir Jarrah —, que estudavam também em Hamburgo. Os três deram conta de terem perdido os seus passaportes, ao mesmo tempo, em finais de 1999. Os investigadores supõem que o objectivo fosse apagar do registo entradas em países suspeitos.
Segundo a revista alemã "Focus", Atta chegou a ser seguido por agentes da CIA, entre Janeiro e Maio de 2000, por ter comprado demasiados produtos químicos, que poderiam ser utilizados para fabricar explosivos, em drogarias e farmácias. Isso não impediu que o consulado americano em Berlim lhe concedesse um visto de entrada nos EUA, em Maio de 2000, onde pretendia aprender a pilotar aviões. O seu rasto aparece de novo já em Venice, Florida, onde entre Julho e Novembro ele e Marwan al-Shehhi têm aulas de pilotagem de pequenos aviões. Ambos passavam muito tempo na sala de informática, a navegar na Internet e a enviar e-mails, conta uma aluna, que os apanhou um dia a dançar de alegria, por alturas do ataque contra o navio americano "USS Cole", ao largo do Iémen.
Em Dezembro de 2000, Atta e Marwan al-Shehhi passaram por um centro de pilotagem de Miami, onde reservaram três horas num simulador de voo de um Boeing 727. O instrutor lembra-se que eles não queriam aprender as manobras de descolagem e aterragem, só queriam saber como se andava no ar e fazia curvas.
Os últimos meses de Atta permanecem um mistério. Poucas semanas antes dos atentados, passou a noite em Espanha, onde visitou um prisioneiro árabe detido por homicídio. No dia 28 de Agosto regressou aos EUA e reservou, através da Internet, um bilhete simples, em classe executiva, para o voo Boston-Los Angeles, da American Airlines, com partida às 07h59. A 7 de Setembro, é visto na Florida. A 11 de Setembro, parte de Portland a bordo de um pequeno avião que o leva até Boston. As suas duas malas de viagem não chegam a tempo ao aeroporto de Boston. O FBI encontrou-as depois dos atentados e continham cassetes de vídeo de simulação de voos, um calendário de preces e um testamento em árabe, onde se descrevia como um mártir.

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Agarrado ao testamento que Mohamed Atta deixou, o pai ainda se recusa a acreditar e coloca a possibilidade de ter sido um outro Mohamed, segundo o diário francês "Libération". O pai apresenta uma tese: o verdadeiro Atta foi raptado, os seus documentos foram destruídos e foi morto pelo verdadeiro terrorista, ligado à Mossad israelita, que pilotou o primeiro avião a chocar com as torres gémeas. "O meu filho não sabia pilotar e, além disso, detestava Bin Laden desde a explosão da embaixada do Egipto em Islamabad", garante.Nascido a 1 de Setembro de 1968, em Kafr al-Sheikh, Mohamed Atta passou a infância no Cairo, estudou arquitectura.
"Excelente aluno, passava as férias a ler romances ou publicações científicas. Não gostava dos tradicionais jogos de rapazes, como as lutas com pistolas de brincar. O seu passatempo preferido era jogar xadrez comigo", conta o pai, advogado reconhecido, chefe de uma família de classe média, que se diz crente, mas sem excessos. "Somos bons muçulmanos, mas nunca nenhum de nós pertenceu a um movimento político", afirma Mohamed al-Amir Atta.
Mohamed Atta começou por estudar arquitectura na Universidade do Cairo, ao mesmo tempo que aprendia inglês na universidade americana da capital egípcia e alemão no Instituto Goethe. O pai incentivou-o a contactar universidades na Alemanha e Suíça. "Não seria fácil ele partir. Tinha laços muito fortes com a família, especialmente com a mãe", lembra Mohamed al-Amir Atta. Ainda assim, em 1992, Mohamed Atta desembarca em Hamburgo, Alemanha, ingressando no terceiro ano de Urbanismo da universidade técnica. O professor de urbanismo Dittmar Machule lembra-se que o egípcio "falava muito bem alemão, logo à chegada" e que era "muito inteligente e aplicado".
Mohamed Atta vivia com outros estudantes estrangeiros e, em finais de 1992, começou a trabalhar como desenhador em Plankontor, departamento de urbanismo de Hamburgo. "Os desenhos eram muito precisos e muito peculiares. Ele era muito amável", recorda um dos colegas de trabalho. A única particularidade de Atta era interromper o trabalho para rezar. "Manifestava abertamente a sua religiosidade, mas de resto era muito reservado", acrescentou o colega.
A dada altura, Atta desaparece. Os professores deixam de saber dele e começa o hiato na sua biografia, até 1997.
Em 1998, reaparece em Hamburgo, com barba, manifestamente mudado, mas decidido a obter o seu diploma. "Deu-me a entender que tinha tido problemas de família e que se tinha tornado mais crente", explica o professor Dittmar Machule.
A entrega de diplomas ficou na memória de todos. Em 1999, após a apresentação de Atta, uma professora avança para ele para o felicitar pelo excelente trabalho e estende-lhe a mão. Atta recusa cumprimentá-la, explicando que os seus princípios o impedem de tocar numa mulher.
Ainda que já com o diploma nas mãos, Atta não abandonou Hamburgo. Com dois amigos — Said Bahaji, alemão de origem marroquina, e Ramzi Binalshibh, iemenita, ambos objecto de mandado de captura internacional, na sequência dos atentados de 11 de Setembro nos EUA — alugou um apartamento perto da universidade, onde ficaram até Fevereiro de 2000. Em Janeiro de 1999, o egípcio obteve autorização da associação de estudantes para formar um "grupo de trabalho islâmico", podendo usufruir de uma pequena sala de orações. Pouco depois, responsáveis universitários descobriram que um computador e um telefone tinham sido instalados na sala de preces.
Atta começou a preparar os atentados em 1999 com dois outros terroristas a bordo dos aviões desviados — Marwan al-Shehhi e Ziad Samir Jarrah —, que estudavam também em Hamburgo. Os três deram conta de terem perdido os seus passaportes, ao mesmo tempo, em finais de 1999. Os investigadores supõem que o objectivo fosse apagar do registo entradas em países suspeitos.
Segundo a revista alemã "Focus", Atta chegou a ser seguido por agentes da CIA, entre Janeiro e Maio de 2000, por ter comprado demasiados produtos químicos, que poderiam ser utilizados para fabricar explosivos, em drogarias e farmácias. Isso não impediu que o consulado americano em Berlim lhe concedesse um visto de entrada nos EUA, em Maio de 2000, onde pretendia aprender a pilotar aviões. O seu rasto aparece de novo já em Venice, Florida, onde entre Julho e Novembro ele e Marwan al-Shehhi têm aulas de pilotagem de pequenos aviões. Ambos passavam muito tempo na sala de informática, a navegar na Internet e a enviar e-mails, conta uma aluna, que os apanhou um dia a dançar de alegria, por alturas do ataque contra o navio americano "USS Cole", ao largo do Iémen.
Em Dezembro de 2000, Atta e Marwan al-Shehhi passaram por um centro de pilotagem de Miami, onde reservaram três horas num simulador de voo de um Boeing 727. O instrutor lembra-se que eles não queriam aprender as manobras de descolagem e aterragem, só queriam saber como se andava no ar e fazia curvas.
Os últimos meses de Atta permanecem um mistério. Poucas semanas antes dos atentados, passou a noite em Espanha, onde visitou um prisioneiro árabe detido por homicídio. No dia 28 de Agosto regressou aos EUA e reservou, através da Internet, um bilhete simples, em classe executiva, para o voo Boston-Los Angeles, da American Airlines, com partida às 07h59. A 7 de Setembro, é visto na Florida. A 11 de Setembro, parte de Portland a bordo de um pequeno avião que o leva até Boston. As suas duas malas de viagem não chegam a tempo ao aeroporto de Boston. O FBI encontrou-as depois dos atentados e continham cassetes de vídeo de simulação de voos, um calendário de preces e um testamento em árabe, onde se descrevia como um mártir.