Desonra Anacrónica

Realizado por George Tillman Jr., também ele afro-americano, este filme de reduzido interesse cinematográfico não é uma mera reconstituição histórica mas antes um anacrónico manifesto pela igualdade de direitos que acaba por se negar a si próprio quando opta pela exasperante vitimização do protagonista negro. Se o verdadeiro Carl Brashear é um exemplo de coragem perante a adversidade - continuou a servir na marinha mesmo depois de um acidente provocar a amputação de uma perna -, o realizador decidiu amplificar a dimensão heróica da sua personagem, confrontando-o com um ficcional instrutor da escola de mergulho, Billy Sunday (Robert De Niro), que inspira a mesma empatia que um tirano ("Eu sou Deus", confirma Sunday).

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Realizado por George Tillman Jr., também ele afro-americano, este filme de reduzido interesse cinematográfico não é uma mera reconstituição histórica mas antes um anacrónico manifesto pela igualdade de direitos que acaba por se negar a si próprio quando opta pela exasperante vitimização do protagonista negro. Se o verdadeiro Carl Brashear é um exemplo de coragem perante a adversidade - continuou a servir na marinha mesmo depois de um acidente provocar a amputação de uma perna -, o realizador decidiu amplificar a dimensão heróica da sua personagem, confrontando-o com um ficcional instrutor da escola de mergulho, Billy Sunday (Robert De Niro), que inspira a mesma empatia que um tirano ("Eu sou Deus", confirma Sunday).

Carl Brashear, interpretado por um Cuba Gooding Jr. que já deu provas maiores em "Jerry McGuire", de Cameron Crowe (que lhe valeu o Óscar de melhor actor secundário), é um provinciano que abandona o Kentucky natal para integrar a marinha, levando consigo pouco mais do que as "famous last words" do pai: "Sê o melhor." Perseverante, consegue ser admitido na escola de mergulho (depois de escrever uma centena de cartas), mas terá que se confrontar com o instrutor, um velho herói das profundezas em despromoção involuntária que lhe reconhece os méritos, mas tem algumas dificuldades em lidar com a integração racial decretada pelo presidente Truman. "Porque é que queres tanto fazer isto?", pergunta-lhe o instrutor Sunday. "Porque disseram que não podia", responde o bravo Brashear.

"Homens de Honra" está mais próximo de um vulgar telefilme de exposição temática - a que não faltam os sub-enredos folhetinescos sobre as relações conjugais das duas personagens - e não dispensa sequer a inevitável resolução na barra do tribunal, prosseguindo a mais recente tradição de Hollywood nos filmes que abordam questões éticas no quadro das instituições militares.