Bridget em Off

Na base de todos estes fenómenos estará, como de costume, um fenómeno "sociológico". Bridget Jones é uma mulher de 30 e poucos anos, "moderna", ferozmente independente, e as suas desventuras profissionais e emocionais são um pouco o preço a pagar por essa independência - há aqui um "modelo" feminino que, tenha ou não uma correspondência "real" na sociedade britânica, não deixa de possuir características mais do que suficientes para gerar fortes efeitos de identificação entre o público feminino.

Adivinha-se, a partir do filme, que o livro e os textos de Fielding serão razoavelmente divertidos, e que para que isso aconteça a linguagem empregue (aquela verve britânica, abundante em jogos de palavras, comparações e metáforas) é fundamental. Esse é, de resto, um dos principais problemas do filme de Sharon Maguire, uma vez que o humor vem menos das situações e da "acção" propriamente dita do que da maneira como os olhos de Bridget Jones a vêem e comentam. E como é que isso, juntamente com as descrições de personagens e ambientes, se restitui em formato de filme? Essa é a pergunta a que ninguém (dos argumentistas à realizadora) consegue responder muito bem, acabando por se optar pela mais redutora das soluções: uma voz "off" quase omnipresente, que não poucas vezes se torna redundante na relação com as imagens (ou são estas que se tornam redundantes e meramente ilustrativas), mas de que o filme depende, quase em absoluto, para gerar os efeitos cómicos que promete.

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Na base de todos estes fenómenos estará, como de costume, um fenómeno "sociológico". Bridget Jones é uma mulher de 30 e poucos anos, "moderna", ferozmente independente, e as suas desventuras profissionais e emocionais são um pouco o preço a pagar por essa independência - há aqui um "modelo" feminino que, tenha ou não uma correspondência "real" na sociedade britânica, não deixa de possuir características mais do que suficientes para gerar fortes efeitos de identificação entre o público feminino.

Adivinha-se, a partir do filme, que o livro e os textos de Fielding serão razoavelmente divertidos, e que para que isso aconteça a linguagem empregue (aquela verve britânica, abundante em jogos de palavras, comparações e metáforas) é fundamental. Esse é, de resto, um dos principais problemas do filme de Sharon Maguire, uma vez que o humor vem menos das situações e da "acção" propriamente dita do que da maneira como os olhos de Bridget Jones a vêem e comentam. E como é que isso, juntamente com as descrições de personagens e ambientes, se restitui em formato de filme? Essa é a pergunta a que ninguém (dos argumentistas à realizadora) consegue responder muito bem, acabando por se optar pela mais redutora das soluções: uma voz "off" quase omnipresente, que não poucas vezes se torna redundante na relação com as imagens (ou são estas que se tornam redundantes e meramente ilustrativas), mas de que o filme depende, quase em absoluto, para gerar os efeitos cómicos que promete.

Porque, de resto, as aventuras de Bridget Jones à procura do "homem ideal" acabam por soar a "déja vu". Há a sombra, aparentemente deliberada, de Jane Austen (Mark Darcy, a personagem de Colin Firth, é um homónimo de um dos protagonistas de "Orgulho e Preconceito"), mas sobretudo a sombra, que o filme nunca consegue escorraçar, de tantos e tantos outros filmes demasiado parecidos com este.

"O Diário de Bridget Jones", visto ainda por um prisma "sociológico", é basicamente o relato de um mundo frívolo e cínico contado no momento em que nele se abrem algumas fissuras emocionais. Mas isso, quantas vezes já vimos, com maiores ou menores variações? Talvez por essa razão, o melhor do filme de Sharon Maguire esteja a cargo de duas personagens secundárias, os pais de Bridget, a viverem uma crise que foge um bocadinho aos estereótipos mundanos vividos pelos protagonistas.

Sobram, depois, os actores; Renée Zellweger, Hugh Grant e, sobretudo, Colin Firth, são sempre presenças minimamente curiosas e acabam por estar entre as (poucas) razões para justificar uma visita a "O Diário de Bridget Jones".