Restos mortais de Amália trasladados para Panteão

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A casa onde viveu meio século pode tornar-se no verdadeiro local de peregrinação Lusa

A partir de hoje os restos mortais de Amália Rodrigues repousam no Panteão Nacional. Mas a casa onde viveu meio século e onde ficaram os seus objectos pessoais, quadros e roupas, pode tornar-se no verdadeiro local de peregrinação - com bilhetes a 1000$00, seis pessoas de cada vez poderão fazer uma visita de uma hora.Pode-se imaginá-la lá, sentada, no centro da sala, recostada no sofá de tom sóbrio, envolta no mesmo xaile negro de franjas finas que agora repousa a abraçar uma guitarra abandonada. Ou projectá-la mais ao canto, de saia comprida, reclinada sobre o piano de meia cauda da casa Petrof, a ouvir as notas que alguém lança enquanto a cara de Anthony Quinn sorri da capa de um dos muitos livros ali pousados.
Nas paredes vários quadros da escola flamenga dos séculos XVII e XVIII e uma paisagem de van Boomen. Por todo o lado peças da Companhia das Índias, candelabros franceses, santos e bonecos em madeira e porcelana. "Bibelots" que ocupam todas as superfícies: as das duas cómodas D. Maria em pau santo, as de mesas de apoio... Uma "Última Ceia" em pedra, uma guitarra bojuda que ela dizia ter ido à batalha de Alcácer Quibir e uma vitrina, recém-colocada, cheia de insígnias de todo o mundo, mesmo uma que diz "To Amália Rodriguez", do "mayor" de Tel-Aviv.
A casa amarela do nº 193 da Rua de São Bento, em Lisboa, onde Amália Rodrigues viveu durante meio século continua cheia com os desmesurados ramos de flores de papel que ofereciam à fadista. As salas - dizem - continuam quase iguais àquelas onde se deixava envolver pelos objectos que comprava, coleccionava, guardava e expunha aos olhos daqueles (muitos - músicos, amigos, conhecidos, desconhecidos e jornalistas) que a visitavam. Os mesmos objectos que a partir de dia 25, quando a agora Casa-Museu Amália Rodrigues abrir as suas portas ao público, passarão a fazer parte do imaginário colectivo. Objectos pessoais tornados jóias da coroa de um povo fadista. Um espaço muito diferente daquele onde, no Panteão Nacional, ao lado de Almeida Garrett, João de Deus e Guerra Junqueiro, a partir de hoje repousarão os restos mortais da fadista.

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A partir de hoje os restos mortais de Amália Rodrigues repousam no Panteão Nacional. Mas a casa onde viveu meio século e onde ficaram os seus objectos pessoais, quadros e roupas, pode tornar-se no verdadeiro local de peregrinação - com bilhetes a 1000$00, seis pessoas de cada vez poderão fazer uma visita de uma hora.Pode-se imaginá-la lá, sentada, no centro da sala, recostada no sofá de tom sóbrio, envolta no mesmo xaile negro de franjas finas que agora repousa a abraçar uma guitarra abandonada. Ou projectá-la mais ao canto, de saia comprida, reclinada sobre o piano de meia cauda da casa Petrof, a ouvir as notas que alguém lança enquanto a cara de Anthony Quinn sorri da capa de um dos muitos livros ali pousados.
Nas paredes vários quadros da escola flamenga dos séculos XVII e XVIII e uma paisagem de van Boomen. Por todo o lado peças da Companhia das Índias, candelabros franceses, santos e bonecos em madeira e porcelana. "Bibelots" que ocupam todas as superfícies: as das duas cómodas D. Maria em pau santo, as de mesas de apoio... Uma "Última Ceia" em pedra, uma guitarra bojuda que ela dizia ter ido à batalha de Alcácer Quibir e uma vitrina, recém-colocada, cheia de insígnias de todo o mundo, mesmo uma que diz "To Amália Rodriguez", do "mayor" de Tel-Aviv.
A casa amarela do nº 193 da Rua de São Bento, em Lisboa, onde Amália Rodrigues viveu durante meio século continua cheia com os desmesurados ramos de flores de papel que ofereciam à fadista. As salas - dizem - continuam quase iguais àquelas onde se deixava envolver pelos objectos que comprava, coleccionava, guardava e expunha aos olhos daqueles (muitos - músicos, amigos, conhecidos, desconhecidos e jornalistas) que a visitavam. Os mesmos objectos que a partir de dia 25, quando a agora Casa-Museu Amália Rodrigues abrir as suas portas ao público, passarão a fazer parte do imaginário colectivo. Objectos pessoais tornados jóias da coroa de um povo fadista. Um espaço muito diferente daquele onde, no Panteão Nacional, ao lado de Almeida Garrett, João de Deus e Guerra Junqueiro, a partir de hoje repousarão os restos mortais da fadista.