Recomendações sobre restrições ao álcool geram protestos

Aumento generalizado dos preços é uma das sugestões do plano de prevenção do suicídio.

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O Governo quer aumentar dos 16 para os 18 anos a idade mínima legal para consumir álcool Nuno Ferreira Santos

As eventuais restrições à venda de álcool, propostas no plano de prevenção do suicídio que está em fase final de redacção, já suscitaram um coro de protestos entre representantes de produtores e comerciantes de bebidas alcoólicas.

“Não é com isso que vamos resolver o problema dos suicídios”, reagiu José Arruda, secretário-geral da Associação de Municípios de Produtores de Vinho, acusando de pensamento “simplista” quem pretende que é aumentado o preço do álcool que se trava o seu consumo imoderado.

A subida geral do preço do álcool, o estabelecimento de um preço mínimo, para acabar com as “borlas” em bares e discotecas, e o aumento da idade mínima legal do consumo, actualmente fixada nos 16 anos, são propostas que irão constar do plano de prevenção do suicídio, cujos responsáveis querem ver concluído até Março.

Para o director do Programa Nacional para a Saúde Mental da Direcção-Geral da Saúde (DGS), Álvaro de Carvalho, há “evidências científicas” de que o consumo de álcool aumenta em períodos de crise. “Sendo o álcool uma substância psicotrópica fácil, barata e legal, é fácil perceber o quanto potencia o descontrolo mental das pessoas e facilita as respostas impulsivas, sobretudo em períodos de crise social e económica”, sustentou aquele responsável.

Ao PÚBLICO, o presidente da Associação de Produtores de Cerveja, Pires de Lima, também qualificou a proposta como “um absurdo” que mais não faz do que transformar o álcool no “bode expiatório” para os problemas que o país atravessa.

Na mesma linha, o representante dos municípios produtores de vinho alega desconhecer a existência de quaisquer estudos que comprovem essa relação de causa e efeito entre o custo do álcool e os comportamentos suicidários. “O que fará sentido é que o Governo fale com os diversos intervenientes e procure consensos”, sugere.

José Arruda sustenta ainda que “há responsabilidades diferentes” nos exageros associados ao álcool, consoante se trate de vinho ou cerveja ou bebidas destiladas com teor alcoólico mais elevado.

“Consumir uma bebida com 40% de álcool não é o mesmo que beber uma cerveja ou um copo de vinho. E sabemos quais são as bebidas que os jovens bebem nas discotecas sem nenhum controlo”, sublinha, dizendo ainda que, a avançarem, tais recomendações configurarão “uma grande injustiça para o sector do vinho, que tem revelado uma grande sensibilidade para a necessidade de promover um consumo moderado”.

 

 
 
 

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