Portuguesa suspeita de tráfico de crianças em São Tomé em liberdade por falta de provas

O advogado de defesa da portuguesa suspeita de tráfico de menores em São Tomé e Príncipe esclareceu que Mafalda Velez Horta foi colocada em liberdade pelo tribunal, na quinta-feira, por falta de provas.

Contactado hoje pela Lusa, José Carlos Barreiro disse que o Ministério Público são-tomense imputou a Mafalda Velez Horta os crimes de subtracção fraudulenta de menores e falsificação de documentos.

“O senhor juiz analisou o processo e viu que não há cometimento de crime nenhum. Por isso mandou o processo para trás para se arranjarem mais provas por não haver indício de crime nenhum”, afirmou o advogado.

Na quinta-feira, o juiz Hilário Garrido, do Tribunal de Primeira Instância de São Tomé, ordenou que Mafalda Velez Horta ficasse em liberdade, embora impedida de sair do país.

A portuguesa residente em São Tomé e Príncipe foi detida na terça-feira, depois de ter sido denunciada publicamente na véspera pela jurista são-tomense Celisa Deus Lima de alegado envolvimento numa rede de tráfico de menores, acusação que a visada desmentiu categoricamente.

Celisa Lima acusou Mafalda Horta de se fazer passar por advogada no estrangeiro para trabalhos de adopção internacional.

Celisa Lima, que é dirigente da Ordem dos Advogados de São Tomé e Príncipe, manifestou ainda a convicção de que Mafalda Horta “faz parte de uma rede, com sustentáculos fortes no país e no estrangeiro, que tem facilitado a saída rápida de crianças (deste país africano) para pais adoptivos”.

“Fui pessoalmente contactada por um casal de espanhóis, que não fazia a mais pequena ideia de que sou da Ordem dos advogados, e que me contou coisas assustadoras sobre esta cidadã portuguesa”, sublinhou então a jurista são-tomense em declarações à televisão pública são-tomense (TVS).

Na mesma altura, e em declarações aos jornalistas, Mafalda Horta negou fazer parte de qualquer rede de tráfico de menores e confirmou ter participado em “alguns processos” de adopção, mas tudo dentro da legalidade, declarando-se “orgulhosa com o trabalho feito”.

No mesmo dia em que Mafalda Velez Horta foi ouvida pelo Ministério Público e pelo tribunal, o casal espanhol referido pela jurista são-tomense, garantiu entretanto à Lusa que o processo de adopção de uma criança em São Tomé decorreu totalmente dentro da legalidade.

“Sabemos que está tudo bem feito e dentro da legalidade”, disse Maria Paula, adiantando que fará juntamente com o seu marido “qualquer coisa para que tudo fique claro, que adoptaram uma criança legalmente”.

Numa nota enviada à agência Lusa, o Instituto da Segurança Social (ISS), na qualidade de Autoridade Central para a Adopção Internacional em Portugal, explicou que apenas sabe deste caso pela comunicação social e que vai pedir mais esclarecimentos junto das autoridades de São Tomé.

O ISS referiu ainda que não existiu qualquer contacto oficial das autoridades são-tomenses relacionado com adopções de crianças de São Tomé por famílias residentes em Portugal, nem sobre suspeitas de existência de qualquer rede de tráfico de crianças de São Tomé para Portugal.

A Lusa não obteve ainda qualquer esclarecimento das autoridades são-tomenses sobre este caso.

Sugerir correcção
Comentar