Portugal sai-se mal em avaliação às políticas de eficiência energética

Em 2012 estava em 6.º lugar na avaliação dos especialistas do Energy Efficiency Watch Survey. Agora está em 21.º

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“Os incentivos em sede de IRS deixaram de existir” para os particulares que investiam “na eficiência energética das suas habitações”, exemplifica Francisco Ferreira Patrícia Martins

A ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável diz que “Portugal é o segundo país que mais cai” numa avaliação à forma como evoluíram as políticas públicas de eficiência energética na União Europeia.

Isto deve-se essencialmente ao facto de “não se estar a fazer o investimento e a comunicação” suficiente nesta área, nas palavras do dirigente Francisco Ferreira, em declarações ao PÚBLICO.

Em comunicado emitido neste domingo, a associação cita o segundo relatório Energy Efficiency Watch Survey, divulgado na semana passada, que envolveu um extenso inquérito online e entrevistas a mais de 1100 especialistas europeus de eficiência energética, incluindo especialistas da ZERO.

“Este relatório segue-se aos resultados apresentados pelos Estados-membros sobre a implementação dos Planos Nacionais de Acção para a Eficiência Energética. O objectivo deste inquérito foi ter opinião das partes interessadas e dos especialistas sobre o progresso das políticas públicas de eficiência energética, nos diferentes sectores e nos respectivos países”, diz a associação.

A ZERO considera que "o retrato de Portugal não é animador". O país está dentro do grupo “que progrediu muito pouco desde 2012”, registando “a segunda maior descida entre todos” da União dos 28. Em 2012 estava em 6.º lugar na avaliação da evolução das políticas de eficiência energética, em 2015 passou para o 21.º lugar. Desceu 15 lugares. A Dinamarca e Finlândia são os países que melhor nota têm neste estudo.

Sobre Portugal, “os especialistas afirmaram que a crise económica e o resultado das políticas de austeridade foram as grandes barreiras para o progresso da eficiência energética, incluindo a redução do financiamento bancário nesta área”. O sector público “foi particularmente afectado pela crise financeira e a avaliação do progresso sobre o exemplo que os edifícios públicos devem dar em termos de reabilitação com medidas de eficiência energética ficou também entre os mais baixos ao nível europeu”.

No sector residencial e serviços o principal problema apontado foi a falta de incentivos financeiros para a melhoria da eficiência energética (nomeadamente ao nível da reabilitação de edifícios). Francisco Ferreira, da ZERO, dá um exemplo concreto: “Os incentivos em sede de IRS deixaram de existir” para os particulares que investiam “na eficiência energética das suas habitações” adquirindo bombas de calor ou outros equipamentos para melhoria das condições térmicas dos edifícios.

No sector dos transportes o decréscimo dos incentivos aos veículos eléctricos foi o principal problema apontado no relatório, segundo a ZERO.

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