Hospital de S. João suspende compra de medicamentos à Merck

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A decisão do hospital surge na sequência de uma dívida de meio milhão de euros ao laboratório Foto: Paulo Ricca

O Hospital de S. João, no Porto, deixou de comprar medicamentos à farmacêutica Merck. A decisão preocupa os doentes, que em casos como o da esclerose múltipla já foram contactados para alterar a medicação, avança a TSF.

A decisão do Hospital de S. João surge na sequência de uma dívida de meio milhão de euros ao laboratório em causa. A empresa colocou um processo contra esta unidade hospitalar, na sequência dos valores em atraso relativos a medicamentos utilizados em 2011 em doenças como a esclerose múltipla, mas também na área da oncologia e das hormonas de crescimento.

Na base do processo, explica a TSF, está o facto de o Hospital de S. João não fazer um plano de pagamentos para regularizar as dívidas antigas – medida que está prevista na Lei dos Compromissos.

Na sequência da decisão, vários doentes com esclerose múltipla foram contactados para irem a uma nova consulta para trocar a medicação por um genérico com a mesma substância activa mas de outra marca, assegurou o hospital. Contudo, o presidente da Associação Todos com a Esclerose Múltipla, Paulo Pereira, teme que os doentes que já estão estabilizados sofram alterações com a mudança de medicamento.

“Depois é o princípio da igualdade, porque nos outros hospitais os doentes têm acesso à medicação toda e se o médico prescreveu aquele medicamento é porque tem vindo a fazer efeito, porque senão já o tinha tirado”, acrescentou.

Já o presidente da Merck em Portugal, Fritz Sacker, disse à TSF estar “estupefacto” com a decisão. “Parar as encomendas é uma ameaça muito séria para a saúde dos doentes”, alertou, dizendo que sente que esta é uma forma de pressão.

A esclerose múltipla é uma doença auto-imune inflamatória crónica do sistema nervoso central que se manifesta em jovens adultos, entre os 20 e os 40 anos de idade, e que interfere com a capacidade do doente em controlar funções como a visão, a locomoção, e o equilíbrio. Em Portugal estima-se que afecte cinco mil pessoas, sobretudo mulheres, sendo que a doença tem um grande impacto na vida dos doentes e famílias, já que 85% das pessoas queixa-se de fadiga que interfere nomeadamente com a produtividade.

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