Fundação lança programa para apoiar familiares de portugueses obrigados a emigrar

O objectivo é dar apoio a cerca de 120 pessoas em Lisboa e na Guarda.

Os filhos partem, os pais ficam. Por sentir que há cada vez mais pessoas que têm familiares fora de Portugal e que ficam no país sem apoio, a Fundação S. João de Deus criou um programa-piloto de ajuda a familiares de emigrantes portugueses “com fraca rede social de suporte ou em situação de isolamento social”, em especial idosos, com residência em Lisboa e Guarda. A iniciativa chama-se “Somos por Si, Somos por Portugal” e conta dar apoio a 120 pessoas.

A Fundação S. João de Deus, uma instituição particular de solidariedade social criada em 2006, vocacionada para o auxílio aos doentes e a pessoas com dificuldades económicas, com sede em Lisboa, pretende garantir o acompanhamento de familiares de emigrantes em pequenas tarefas diárias, como limpar a louça, estender a roupa, despejar o lixo, ler o correio e jornais, ajudar no preenchimento do IRS, dar esclarecimentos jurídicos, fazer ligação via Internet (com som e imagem) com o emigrante (em aniversários e outros momentos festivos), mas também acompanhar a pessoa às compras e a consultas, à farmácia, levá-la a fazer caminhadas, ir a museus e exposições.

Pensa-se que serão sobretudo idosos a precisar de apoio, mas também há casos de famílias em que um dos cônjuges foi obrigado a emigrar e poderão dar apoio ao que fica, explica a técnica responsável pelo programa, Susana Costa Pinto. O programa ainda não arrancou oficialmente, mas estima-se que possam vir a dar ajuda a cerca de 120 pessoas entre Lisboa e a Guarda (por ser uma cidade onde a fundação tem uma delegação), explica a psicóloga. Até ao final de 2014, está previsto o alargamento das actividades para outras cidades do país.

A instituição dá actualmente apoio a cerca de 30 pessoas em Lisboa em situação de isolamento, acompanhando-as nas suas tarefas diárias, mas também motivando-as a sair de casa, explica o assessor de comunicação da fundação, Samuel Pimenta. Neste grupo, há também os que não conseguem sair de casa; neste caso fazem-lhes visitas periódicas.

A ideia é estender este apoio aos familiares de pessoas que são forçadas a emigrar, “para deixar a família sossegada”, depois de terem constatado esta necessidade junto de várias entidades no terreno, diz. Susana Costa Pinto esclarece que a fundação não faz apoio domiciliário, não prestando cuidados de saúde e de higiene; essas funções estão a cargo de outras associações, a fundação pretende “ser um agente facilitador de comunicação”.

A fundação disponibiliza um número de telefone, 217983400 e um email somosporportugal@fundacao-sjd.pt para os emigrantes que queiram fazer um pedido de acompanhamento para os seu familiares; a ideia é depois manter o emigrante informado sobre os contactos feitos com o familiares. Os serviços da instituição, instituída pela Ordem Hospitaleira de S. João de Deus, são gratuitos.

Entre 100 a 120 mil portugueses saíram do país em 2013, uma emigração "bastante alta", mas que se manteve estável devido à falta de emprego nos outros países, estimou recentemente o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, citado pela Lusa.

Apesar de não existirem dados oficiais, o Governo admite que o número de portugueses que emigraram seja semelhante ao do ano passado — cerca de 100 mil a 120 mil. Os países da Europa, em particular a França, continuam a ser os principais destinos dos portugueses, com Angola a atrair também números semelhantes aos do ano passado, na ordem dos 25 mil.
Quanto a Moçambique, também os "valores se mantêm idênticos" aos de 2012, ou seja, entre três a quatro mil portugueses foram este ano viver para este país africano.
 
 
 

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