Vasco Lourenço disponível para ensinar história aos deputados

Capitão de Abril pediu desculpa pelo seu tom agreste. "É a minha maneira de ser", justificou.

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Vasco Lourenço Daniel Rocha

O presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, acusou esta terça-feira alguns deputados da Assembleia da República de “dizerem asneiras” quando se referem a alguns aspectos da história recente de Portugal, e mostrou-se disponível para os ensinar.

“A geração dos novos deputados já nem o 25 de Abril viveu, mas até porque são deputados têm mais obrigação de conhecer a história, e para isso têm que aprender, têm de vir a coisas como estas, para não dizerem asneiras como costumam dizer”, afirmou Vasco Lourenço, na abertura do Colóquio "As eleições de 25 de Abril de 1975 - História, Memória e Legados" na Assembleia da República, em Lisboa.

O presidente da Associação 25 de Abril criticou os deputados por dizerem que “a democracia em Portugal só começou em 1982, quando acabou o Conselho da Revolução”, ou que “os militares continuam convencidos que são os donos do 25 de Abril”, e mostrou-se então disponível para os ensinar. “Aqui fica o repto à Assembleia da República e aos deputados, se precisarem, nós, Associação 25 de Abril, continuamos disponíveis para participar nos debates todos que sejam necessários para ver se ficam a saber um bocadinho mais da nossa história, para não dizerem muitas vezes aquilo que aos microfones da rádio ou em outros sítios continuam a dizer, por aí fora, como se de facto o que se passou não fosse o que efectivamente se passou”, referiu.

O capitão de Abril reconheceu que, como não viveram aquele período, os deputados “não têm de saber”, mas “pelas suas responsabilidades, para evitar que digam asneiras, têm que aprender”, lamentando que o parlamento estivesse “tão pouco representado neste debate”. Durante a intervenção de Vasco Lourenço no colóquio, também os deputados europeus foram alvo de crítica.

“Continua a haver para aí umas pessoas, alguns até importantes, uns deputados europeus e tudo, que continuam a acusar-nos de que nós continuamos a considerar-nos [Movimento das Forças Armadas] os donos do 25 de Abril”, ironizou.

Ausente das comemorações da Revolução dos Cravos no parlamento nos último  quatro anos, Vasco Lourenço declarou que apesar das divergências gosta de colaborar com a “casa da democracia”. “Como presidente da Associação 25 de Abril tenho muito gosto em estar a colaborar com a casa da democracia que é a Assembleia da República, independentemente de podermos estar divergentes em algumas atitudes que se tomam nesta casa, mas isso faz parte da democracia”, sublinhou.

No final, Vasco Lourenço desculpou-se pelo “tom agreste da intervenção” que proferiu, ressalvando que é a sua “maneira de ser”.

O vice-presidente da Assembleia da República António Filipe, também presente no colóquio, agradeceu a “contundência” na intervenção de Vasco Lourenço, referindo que a iniciativa estava a ser gravada pelo canal do parlamento e que portanto quem tivesse interesse em aprender mais poderia optar por essa via.

A organização da iniciativa é da Associação 25 de Abril, do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e da Escola Superior de Comunicação Social.

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