PS defende fusão de entidades reguladoras na Saúde

Dirigente socialista propôs concentração de organismos, a aposta em unidades integradas de saúde e saída dos cuidados continuados da esfera da Segurança Social.

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Álvaro Beleza, secretário nacional do PS Nuno Ferreira Santos

Álvaro Beleza, secretário nacional do PS, criticou o “exagero de organismos”, nomeadamente, de entidades reguladoras no sector da saúde, sublinhando que existem “cerca de seis” que poderiam ser alvo de uma fusão. Para o socialista, há um “exagero de organismos a fazer a mesma coisa”. Os organismos em causa são a Entidade Reguladora da Saúde, a Inspecção-Geral da Saúde, o Infarmed, a Direcção-Geral de Saúde e as várias Administrações Regionais de Saúde.Estas últimas foram destacadas pelo dirigente socialista para a área da saúde quando defendeu uma gestão menos burocrática. Defendeu a necessidade de integração das várias funções hospitalares numa só, em cada região do país: “É preciso integrar unidades de cuidados continuados, primários e hospitalares”, disse. E propôs que a tutela dos cuidados continuados transitasse da Segurança Social para a órbita da Saúde.

O socialista acusou o Governo de não ter aproveitado a crise para fazer reformas no sector da saúde, e criticou a actuação do Executivo: “O Governo não pode gerir a saúde como se tratasse de um condomínio”. E tentou marcar a diferença com as suas propostas: “O PS não brinca com a saúde dos portugueses”, disse, salientando que o partido “não faz partidarite” com questões tão importantes como a da saúde.

O socialista defendeu que a reforma estrutural do Serviço Nacional de Saúde deve englobar uma melhor gestão dos recursos, mas também “transparência no processo”. “Chega de grupos de estudo e comissões de trabalho”, afirmou num tom de ironia, garantindo que “o PS está sempre disponível para apresentar soluções”.

Segundo Beleza, é preciso implementar reformas que “impliquem coragem e humildade”, mas também a “mobilização de todos” para que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) se torne sustentável. Essa tarefa deve ser “multidisciplinar” – deve envolver administrativos, profissionais da saúde, auxiliares e doentes. “O SNS não é do Governo, não é dos administrativos, não é dos profissionais, é dos doentes, é de todos os cidadãos”.

Para que haja essa mobilização, segundo Álvaro Beleza, deve “motivar-se” os profissionais com uma “gestão moderna” dos recursos, que tornem a área da saúde sustentável, com um serviço que vá ao encontro das necessidades dos portugueses. “Medidas cegas de cortes e mais cortes desmotivam-nos a todos”, sublinhou.

Questionado sobre a fraude das vacinas, o socialista apenas afirmou que o PS condena qualquer ilegalidade, admitindo que “a situação está um pouco descontrolada" e deve haver uma fiscalização "absolutamente intransigente para o cumprimento da legalidade e da detecção da fraude".

Além de Álvaro Beleza, também falaram aos jornalistas a Bastonária da Ordem dos Nutricionistas (Alexandra Bento) e o Bastonário da Ordem dos médicos dentistas (Orlando Monteiro da Silva)

 Alexandra Bento defendeu a criação de uma instituição que superentenda várias funções ligadas à “saúde através da alimentação” e explica que seria “uma entidade que não fosse apenas ligada ao Ministério da Saúde, mas que fosse transversal a outros ministérios, e sugeriu o Ministério da Agricultura, para exemplificar a cooperação transversal que os ministérios poderiam ter nesta matéria.

A bastonária demonstrou preocupação com “a situação dramática” que o país vive e com o impacto negativo que a austeridade tem nos hábitos alimentares das pessoas – maus hábitos que potenciam o aparecimento de doenças directamente ligadas à alimentação, como a diabetes e a hipertensão arterial, que “pesam muito no orçamento da saúde”. 
 
 

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