Reacções ao manifesto assinado por estrangeiros divergem da direita à esquerda

PSD, PCP e BE reagiram ao apoio de figuras estrangeiras ao manifesto dos 74 que apela à reestruturação da dívida portuguesa.

O PSD desvalorizou o apoio internacional ao manifesto, afirmando que se trata apenas de uma "espiral de vozes críticas". Já os comunistas consideram que o apoio de 74 personalidades estrangeiras é um reconhecimento de que a situação actual é insustentável, algo que o partido defende há três anos. E para o Bloco de Esquerda, "o Governo está cada vez mais isolado" na ideia de pagar a dívida, sem que uma reestruturação seja feita.

"O PSD acredita que estas vozes são as mesmas que no passado diziam que havia uma espiral recessiva e que o caminho que estávamos a fazer não ia levar a lugar algum", disse esta quinta-feira o porta-voz e coordenador dos social-democratas, Marco António Costa. 

O ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares, Luís Marques Guedes, também desvalorizou a situação, afirmando  que "a única questão que pode ter relevo aqui é se alguma dessas entidades é credora. Se não forem credores internacionais, a opinião internacional para uma matéria como esta não parece que seja de muito relevo para o nosso país", declarou o ministro no final da reunião do Conselho de Ministros.

O PCP e o BE têm uma opinião distinta. Para os comunistas, o apoio estrangeiro não é nada mais nada menos do que o reconhecimento que a situação é insustentável."Consideramos que não deveria ser propriamente necessário vir a inteligência estrangeira reconhecer aquilo que o PCP há muito defende, afirmou Vasco Cardoso, relembrando que o partiodo "tem vindo a apresentar a proposta de renegociação da dívida há três anos". 

A bloquista Mariana Mortágua sustenta que “é matematicamente impossível” para Portugal cumprir o pagamento da dívida, realçando que o "Governo está cada vez mais isolado nesta sua ideia radical e irresponsável de pagar a dívida nos termos e nas condições que propõe". “Vamos estar sempre a correr atrás de uma ‘senhora’ que está sempre cada vez mais longe”, frisa Mariana Mortágua

Para o responsável do PSD, já há ano e meio que parte das vozes que se levantaram na sociedade portuguesa diziam que o país "nunca atingiria crescimento económico", que o desemprego seria "galopante, sem ponto de inversão" e que o emprego continuaria a "ser destruído", em vez de haver criação de emprego.

No entanto, sublinha, o partido  "nunca se deixou impressionar" por este tipo de opiniões e continua a "apoiar incondicionalmente" o caminho que o Governo tem feito até ao momento no que diz respeito ao pagamento da dívida pública portuguesa, garantindo que o cenário macroeconómico começa a mudar.

Marco António Costa prefere recordar os resultados da economia, os números do desemprego que têm vindo a "descer sustentadamente" e que a economia portuguesa tem vindo a "crescer já vai para três trimestres", avançando que acredita que nas projeções de que 2014 será um ano de "crescimento consolidado".

"Aquilo em que estamos focalizados é em cumprir as nossas obrigações e recuperar a situação económica e social do país. Estamos no caminho certo e a prova é todos os dias dada pela realidade", destaca o responsável social-democrata.

De acordo com o social-democrata, os portugueses têm "mais razões para estarem mais confiantes e acreditarem que o país, apesar de todas as dificuldades vividas nos últimos anos, abrirá um novo ciclo em 2014, com realismo, mas também com esperança".

Do lado do PCP, os números não convencem: "De facto, estamos perante uma dívida pública que é insustentável e que não pode, em nome do pagamento dessa dívida e dos juros agiotas que lhe estão associados, prosseguir uma política de destruição do país", afirmou Vasco Cardoso.

Por isso mesmo, o comunista congratula-se com o facto de "aqueles que durante os últimos três anos estiveram calados relativamente a este problema" conseguirem agora "reconhecer a razão do PCP" e acrescenta que, "mais cedo ou mais tarde, será a própria realidade a impor-se e a impor um processo de renegociação".
 

   

Sugerir correcção
Comentar