Cavaco: “Não votar amanhã é abdicar de um direito”

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Miguel Madeira

“Não votar amanhã é abdicar de um direito, do direito fundamental de participar nas escolhas que influenciam o futuro da Europa.” Com esta declaração de princípio democrática, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, dirigiu-se ontem ao país, através das televisões, apelando a que os cidadãos não deixem de ir votar este domingo.

O receio de que a abstenção seja grande e até maior que em outras europeias, foi assumido pelo Presidente. “Apelo a todos os eleitores a que, amanhã, não deixem de exercer o seu direito de voto”, disse Cavaco Silva, sublinhando a expectativa de que a abstenção seja galopante: “Estou bem ciente de que, no passado, já se registaram elevados níveis de abstenção nas eleições para o Parlamento Europeu e que as previsões indicam que tal pode voltar a acontecer amanhã.”

Na tentativa de persuadir os eleitores renitentes, o Presidente optou por enumerar as razões pelas quais considera importante que os portugueses votem. Afirmado que esta “é uma eleição muito importante para Portugal”, lembrou que “a União Europeia é vital para o desenvolvimento económico e social do país e para a nossa projecção e influência internacional”, uma vez que “as decisões tomadas nas instituições europeias têm um impacto muito directo no dia-a-dia dos portugueses”.

Frisando que “o Parlamento Europeu é a única instituição europeia com representantes directamente eleitos”, afirmou que “a União Europeia, esta união de democracias de que fazemos parte, só se realiza verdadeiramente com a participação dos cidadãos”. E salientou que, “ao longo de quatro dias, cerca de 380 milhões de eleitores dos 28 países da União elegem os seus deputados europeus, naquela que constitui uma eleição única no Mundo”.

A importância da União Europeia como protagonista da política internacional, também foi sublinhada pelo Presidente: “Nos últimos sessenta anos, a Comunidade Europeia contribuiu de forma decisiva para a paz e para o desenvolvimento na Europa. A paz é um bem precioso que nunca deve ser descurado nem tomado como adquirido.”

E não deixou de referir a importância que tem tido para Portugal o ser membro da União. “Países como Portugal beneficiaram, nas últimas décadas, de programas europeus que em muito contribuíram para a melhoria das condições de vida das populações e para o progresso do país nos mais diversos domínios – como a educação e a qualificação dos portugueses ou a modernização das actividades económicas e das infraestruturas nacionais e locais”, disse, concluindo: “A eleição dos deputados para um parlamento onde estão representados cerca de 500 milhões de cidadãos europeus constitui um aspecto fundamental da nossa participação na construção europeia e da própria defesa do interesse nacional.”

E insistindo na importância desta eleição, o Presidente sustentou que “a Europa tem cada vez mais impacto no quotidiano dos portugueses e o Parlamento Europeu, sublinhe-se, tem cada vez mais poderes na União Europeia.”

Na argumentação do Presidente houve ainda espaço para lembrar a conquista da democracia. “Há quarenta anos, com o 25 de Abril, os portugueses conquistaram o direito de votar em eleições livres e democráticas. Sonhámos viver num país mais próximo da Europa, dos seus padrões de bem-estar, dos seus valores de democracia e liberdade. Temos de cumprir esse desígnio”, afirmou.

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