Na Geringonça.com a “direita não entra”

O blogue Geringonça.com tem feito um combate à direita desde que nasceu. Tudo começou no Twitter, mas depressa se espalhou na luta comunicacional.

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Blogue tenta desconstruir a mensagem da direita DR

Não são um órgão oficial do Governo e também não querem ser oficioso. São um híbrido, mas que a Geringonça na Internet ajuda a geringonça no Governo, ajuda. Não o admitem como objectivo, mas sabem que é um dos efeitos do trabalho que têm feito desde o dia 1 de abril.

Apesar da data de nascimento, não querem parecer uma mentira, aliás, querem, com este blogue em estilo jornal digital, passar a sua verdade – uma verdade olhada por quem olha do lado esquerdo do espectro político. “Havia uma necessidade de desconstruir a narrativa da direita depois da geringonça [Governo] se ter formado”, conta ao PÚBLICO Luís Vargas, um dos promotores da página.

Admitem e orgulham-se da linguagem e da mensagem de esquerda, mas recusam defender o Governo. “Não tentamos não ir por aí. É um conceito de detox e de explorar muito mais as coisas que os quatro partidos têm de concordância, mais do que servir de canal de comunicação do Governo. Na verdade ajuda toda a gente”, acredita Luís Vargas.

Membros do Governo ainda não apareceram por lá, mas vários são os nomes citados ou que contribuem para o site que são de partidos que apoiam o Governo. É o caso do deputado Porfírio Silva, que já escreveu um artigo de opinião publicado na página, ou de José Gusmão, ex-deputado do BE, que fez um vídeo a defender Catarina Martins. De resto, os promotores da página agregam alguns comentários publicados por políticos nas suas páginas de Facebook ou de Twitter, como João Galamba, deputado e porta-voz do PS, ou Rui Tavares, coordenador do partido Livre. Nos colaboradores mais frequentes, há alguns que são militantes de partidos de esquerda.

E sim, nesta página há discriminação assumida: “Direita não entra”. Pode entrar para ler, mas não para opinar. “Temos pessoas de vários partidos, mas não de direita. Queremos desmontar o argumentário de direita, porque importa preservar esta nova composição de Governo”, explica o designer e programador. E se agora a guerrilha comunicacional é para preservar o modelo actual, pode vir a dar jeito para campanhas eleitorais: "Mais do que ter um canal de apoio ao governo, que contribua para que, quando haja eleições, a esquerda – e as pessoas em geral – estejam bem informadas", deseja Luís Vargas. "Sentia que havia um défice de comunicação mais progressista", acrescenta.

Tudo começou no Twitter, mas o objectivo é utilizar vários formatos para chegar a mais gente. Luís Vargas foi autor de vários vídeos humorísticos, mas com conteúdo político, que se tornaram virais nas redes sociais. Começou na guerrilha política anti-direita há mais tempo, foi aliás o autor de cartazes irónicos a gozar com a PàF (Portugal à Frente, nome da coligação PSD/CDS nas últimas eleições legislativas) durante a campanha eleitoral.

O jornal digital é uma evolução no formato, por ser um blogue multimédia, mas que se confunde com um jornal – tem artigos, opinião e até apanhados das redes sociais. Já no conteúdo, não difere de outras tentativas do passado de uma determinada área política tentar passar a sua mensagem. O site e a página de Facebook, (geringonça.com) têm pouco mais de um mês de vida e contam com mais de seis mil seguidores e nos primeiros dias tiveram mais de 30 mil visitas, contas do próprio site.

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