Jerónimo de Sousa diz que PS “só não forma Governo se não quiser”

Líder comunista esteve num comício em Lisboa e defende que o que conta para a formação de um Governo são as maiorias na Assembleia da República.

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O líder da CDU afirma que o partido irá rejeitar qualquer Governo que inclua a coligação de direita Nuno Ferreira Santos

O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP) afirmou nesta sexta-feira à noite que o PS "só não forma Governo se não quiser", considerando que resta saber se os socialistas apoiam um executivo PSD-CDS ou procuram outra solução.

"Quando o PS dá a iniciativa ao PSD-CDS, como foi patente no seu encontro de hoje, o que se coloca perante a situação que está criada é saber se o PS escolhe entre dar aval e apoio à formação de um Governo PSD-CDS ou tomar a iniciativa de formar um Governo que tem garantidas condições para a sua formação e entrada em funções", sublinhou Jerónimo de Sousa.

Durante um comício que decorreu na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, o líder comunista vincou que "no quadro da Constituição da República e, tendo presente a correlação de forças existente na Assembleia da República, o PS só não forma Governo se não quiser".

"Insistimos na importância de discutir o conteúdo das políticas, apesar de sabermos que o programa do PS não responde à aspiração de ruptura com a política de direita", afirmou Jerónimo de Sousa, acrescentando que "mesmo num quadro em que o PS insista no seu programa, e que não seja fácil encontrar uma convergência sobre um programa de Governo, nem assim se pode concluir que a solução seja um Governo de PSD-CDS".

O deputado comunista vincou também que "o que conta verdadeiramente e determina as soluções para a governação são as maiorias que se formam na Assembleia da República e dão suporte a um Governo, e não o partido com mais votos".

"O PCP rejeitará qualquer solução que proponha um Governo PSD-CDS e contribuirá para derrotar qualquer iniciativa que vise impedir a formação e a entrada em funções de uma outra solução governativa", afirmou Jerónimo de Sousa, reafirmando que o PCP irá apresentar uma moção de rejeição de um programa da coligação que seja apresentado no parlamento.

Para o líder comunista, "é inadmissível que, perante a segunda maior derrota eleitoral de sempre dos dois partidos e ignorando a condenação política que sofreram, o Presidente da República, à margem das regras da Constituição, queira forçar e impor a renovação de um Governo PSD-CDS com o objectivo explícito de garantir e assegurar a continuação dos eixos essenciais da política de desastre nacional dos últimos anos".

"A composição da Assembleia da República, com PSD e CDS em minoria, permite uma base para outras soluções governativas, o que nestas circunstâncias seria inaceitável é que se desperdiçasse tal oportunidade", declarou.

Jerónimo de Sousa sublinhou ainda, perante uma sala cheia, que o resultado da Coligação Democrática Unitária (CDU) nas eleições legislativas de domingo foi alcançado sem "favores de ninguém" nem a "promoção de ninguém", sendo "o melhor resultado" que a coligação que lidera obteve desde 1999.

"Um resultado que, pela sua evolução positiva, não está dependente de uma qualquer manobra de favorecimento mediático momentâneo", referiu.

Em relação às eleições presidenciais de 2016, o deputado do PCP salientou que a candidatura de Edgar Silva, membro do Comité Central, anunciada na quinta-feira, "tem como grande objectivo contribuir para assegurar na Presidência da República o efectivo respeito pelo juramento de cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa".

A candidatura de Edgar Silva será apresentada no dia 15 de Outubro, pelas 17h30, num hotel na zona do Marquês de Pombal, em Lisboa.

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