Colômbia vai propor Portugal como observador da Aliança do Pacífico

Presidente está na América Latina e ainda não comentou encontro do PS com o Governo, que poderia ser visto como um condicionamento.

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Cavaco com o chefe de estado colombiano, Juan Manuel Santos Jose Miguel Gomes/Reuters

A Colômbia vai propor à Aliança do Pacífico que Portugal passe a ser membro observador daquela organização, garantiu ontem o chefe de Estado colombiano Juan Manuel Santos, depois de um encontro com o Presidente da República português.

Este era um dos desejos de Cavaco Silva, que se encontra de visita oficial àquele país da América Latina. Constituída no ano passado, a Aliança do Pacífico integra a Colômbia (que assume a presidência daqui a um mês), México, Chile e Peru. O apoio colombiano é uma espécie de reconhecimento pela contribuição de Portugal para a entrada da Colômbia na OCDE, realçou o Presidente Juan Manuel Santos. Portugal foi também um dos apoiantes do acordo de comércio livre assinado no ano passado entre a União Europeia, a Colômbia e o Peru, lembrou em seguida Cavaco Silva.

Devido à diferença horária entre os dois países, até ao fecho desta edição não houve oportunidade de obter um comentário do Presidente da República ao anúncio da marcação da reunião de hoje entre o PS e o Governo. Cavaco Silva tem apelado sucessivamente ao diálogo e à necessidade de estabelecer consensos entre os principais partidos, tendo mesmo, há uma semana, criticado o PS por se manter teimosamente distante. Porém, também é certo que um comentário do Presidente antes desse encontro poderia ser entendido como uma forma de condicionamento ou de pressão.

No discurso conjunto com Cavaco, já depois das honras militares e do encontro privado, Juan Manuel Santos salientou que Portugal e a Colômbia passam pelo “melhor momento da sua história em matéria de relações diplomáticas”. Enumerou alguns investimentos portugueses de sucesso no seu país, como é o caso dos grupos Jerónimo Martins (supermercados), Prebuild (construção) e Pestana (hotéis), e enalteceu a participação de Portugal na feira do livro de Bogotá, que se inaugura nesta quarta-feira.

Mas as relações entre os dois países estendem-se a áreas mais informais, faz questão de lembrar o Presidente, como o futebol. Juan Manuel Santos fez questão de “agradecer tudo o que o FC Porto tem feito pelo sucesso dos futebolistas colombianos”, nomeadamente Falcao, Jackson Martinez e James Rodriguez. “Espero que o clube continue a produzir estrelas e que nos encontremos no Brasil para o Mundial”, disse a Cavaco. Revelou ainda que a 2 de Maio realiza-se no Porto um jogo de sub-17 entre a Colômbia e o FC Porto, organizado pela diplomacia

Por sua vez, Cavaco Silva realçou que a Colômbia tem uma das “economias mais pujantes da América Latina” e que este é o momento ideal para “reforçar as relações na economia, turismo, ciência e cultura”, tirando partido do acordo com a União Europeia que criou uma zona de comércio livre. “Podemos pensar em parcerias de empresários” para que os portugueses entrem no mercado colombiano – com Cavaco estão hoje na Colômbia 70 empresários nacionais - e os colombianos entrem, pela mão dos portugueses, no “maior bloco económico do mundo”, a União Europeia, e no bloco africano, onde os empresários nacionais mantêm relações privilegiadas, por exemplo, com Angola e Moçambique.

O Presidente da República fez ainda questão de elogiar Portugal, um “país moderno que tem avançado muito no domínio tecnológico, aberto ao investimento estrangeiro e onde se estimula a actividade privada” – ideal, portanto, para acolher os colombianos.

No final, Cavaco deixou também o desejo de que a Colômbia consiga resolver o conflito interno e que alcance a paz – processo no qual, sublinhou, o Presidente Juan Manuel Santos “tem sido grande protagonista”. Porque “a paz é fundamental para a consolidação da democracia e para o desenvolvimento e bem-estar dos povos”.

O PÚBLICO viaja a convite da Presidência da República

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