António Costa acusa Seguro de "impulso populista" com reforma eleitoral

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Costa esteve reunido com os autarcas do distrito de Viana do Castelo Nuno Ferreira Santos

O candidato às eleições primárias do PS António Costa acusou a direcção do partido de "ceder ao impulso populista" da reforma das leis eleitorais em vez de apostar no relançamento da economia.

Num jantar com militantes em Manique, no concelho de Cascais na quarta-feira à noite, o actual presidente da Câmara de Lisboa afirmou-se "chocado em verificar que, perante a situação de descalabro social que o país vive" e da falência "do Governo na gestão da economia e das finanças públicas", a direcção do PS tenha decido "ceder ao impulso populista de reformas de leis eleitorais, a um ano de eleições para a Assembleia da República".

António Costa acusou a direcção liderada por António José Seguro de ter deixado passar dois anos para apresentar uma proposta de revisão das leis eleitorais e só agora vir propor a redução de 230 deputados para 181, em vez do que os portugueses esperam do PS: "Relançar a economia e voltar a ter uma estratégia de crescimento e emprego em Portugal."

Para o autarca lisboeta, a proposta de agendamento potestativo apresentada na Assembleia da República para a redução do número de deputados e reforço das incompatibilidades dos titulares de cargos políticos, é "inoportuna, revela ligeireza e não honra os valores e a história do PS".

A redução do número de deputados "teve sempre a oposição do PS", lembrou António Costa, que embora admitindo tratar-se de uma proposta "muito popular" considerou que "o que distingue os bons políticos dos maus políticos são aqueles que se sabem guiar pelos valores da democracia e aqueles que se vendem aos favores do voto popular".

O candidato às eleições primárias do PS, que têm como objectivo escolher o candidato socialista a primeiro-ministro nas próximas eleições legislativas, notou que Portugal não tem o maior número de deputados por habitante na generalidade dos países da União Europeia e que a redução dos deputados enfraquece a representatividade do eleitorado.

A redução de deputados "é perigosa" para a qualidade da democracia, pela distorção da representatividade do interior em relação ao litoral, mas também por sacrificar os pequenos partidos, notou o autarca de Lisboa. "Então os agricultores de Montalegre, que eram tão importantes há uma semana, já não são importantes para ter representação na Assembleia da República?", questionou Costa, numa alusão à defesa assumida por Seguro das populações do interior.

"A democracia joga-se na verdade das urnas e não com alterações eleitorais que alteram a representação nas secretarias", frisou, acrescentando: "Esta alteração da proporcionalidade só beneficia o PSD; é uma declaração de guerra ao PCP e ao Bloco de Esquerda e é um erro político no qual o PS não se pode rever e não pode aceitar".

Segundo as contas de António Costa, com a redução de deputados proposta pela direcção socialista o PCP perdia "na secretaria" mais de um terço do grupo parlamentar e o Bloco de Esquerda ficaria reduzido em "mais de metade" dos seus deputados.

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