Pacheco Pereira diz que PSD precisa de “ouvir um social democrata”

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Pacheco Pereira diz que os Serviços de Informações perderam toda a credibilidade. Foto: Nuno Ferreira Santos

O ex-dirigente do PSD confessou este domingo não ter ficado surpreendido por não ter sido convidado para a Universidade de Verão promovida pelo seu partido.

O militante social democrata, que foi orador na Academia Socialista organizada pela JS em Seia, disse perceber que cada um está “no seu direito de escolher quem quiser”, mas que, se o PSD queria “verdadeiramente discutir a situação política, talvez fosse bom ouvir um social democrata”.

“Não aconteceu porque certamente os incomoda aquilo que eu poderia eventualmente dizer”, sustentou, durante o seu discurso na iniciativa organizada pela Juventude Socialista. 

“O PSD preferiu ouvir personagens do PS e o dirigente de um pequeno partido radical [Rui Tavares, do Livre]. Não me surpreende”, afirmou, frisando ser um militante que tem uma ideia muito clara do que é a social democracia, mesmo que, “em muitos aspectos, a direcção do meu partido esteja afastada desse posicionamento”.

Na sua intervenção durante a Academia Socialista, Pacheco Pereira defendeu a introdução de novas formas de acção dos partidos que não implicam nenhuma alteração legislativa. A admissão de listas de independentes nas eleições para a Assembleia da República e a escolha através de uma espécie de eleições primárias dos deputados são algumas alterações que, para Pacheco Pereira, poderiam ser introduzidas em Portugal.

“Mas, para isso é preciso também dar independência em relação às direcções partidárias”, sublinhou.

Na intervenção que fez na Academia Socialista, Pacheco Pereira assinalou algumas das traições da acção política (de todos os partidos) dos últimos anos. A primeira das traições, sublinhou, foi feita à classe média, a quem foi imputado o ónus de ter vivido acima das suas capacidades financeiras. A aceitação de alterações da legislação laboral que considerou inaceitáveis foi outra das traições que, para o ex-dirigente do PSD levaram ao “enfraquecimento da democracia e, consequentemente, da economia”.

Novo Banco conduzido com navegação “à costa”
Pacheco Pereira comparou o processo do Novo Banco ao tipo de navegação “à costa”. Em Seia, onde participou na Academia Socialista, o social democrata reagiu à demissão de Vitor Bento e da sua equipa da administração do Banco e disse que se confirmava o que “já se estava à espera”.

“Eu tive, não sei se a vantagem ou a desvantagem, de há cerca de uma semana discutir sobre esta matéria antes dos acontecimentos. Não é preciso sequer ter informação privilegiada para saber que a condução de todo este processo é tipo navegação de cabotagem, à vista da costa”, disse.

Usando ainda a arte da navegação como analogia, Pacheco Pereira concluiu que o processo foi conduzido “conforme a costa”.

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