Em Port de Pollença, Maiorca, na cadeira de Agatha Christie

O leitor Miguel Silva Machado foi descobrir um pedaço da ilha de Maiorca com um livro no bolso.

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Mar i Cel, também referido por Agatha Christie como Hotel Mariposa Miguel Silva Machado
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O Hotel Mar i Cel, criado nos anos de 1920. Agatha Christie apelida-o de Hotel Mariposa no seu romance de 1932 (Foto Aeródromo Militar de Pollensa) dr
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Entrada principal do Hotel Illa d’Or referido no romance de Agatha Christie como Hotel Pino d’Or,Entrada principal do Hotel Illa d’Or referido no romance de Agatha Christie como Hotel Pino d’Or Miguel Silva Machado,
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O hotel faz questão de manter a sua história exposta nas salas e corredores (Foto Hotel Illa d’Or) dr
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A esplanada do Illa d’Or virada para a Badia de Pollença Miguel Silva Machado
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A Baía de Port de Pollença vista deste a estrada Ma-2220 Miguel Silva Machado
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Port de Polllença fotografado da Estrada Ma-2210. Tão sinuosa quanto bonita Miguel Silva Machado

A estrada MA-2220 desde Alcúdia, na margem direita da baía, leva-nos sempre junto à água até Port de Pollença. Neste final de Outubro o tempo está óptimo, um pouco de vento, mas a luz que se reflecte nas águas do Mediterrâneo atrai caminhantes e ciclistas – muitos, mas mesmo muitos. A esta hora da manhã a maioria vai subir a serra de Tramuntana, congestionando as estradas, percursos pedestres e miradouros que se prolongam por toda a costa noroeste desta ilha de Maiorca, Espanha. Para quem faz de carro estas estradas de montanha, como foi o meu caso, todo o cuidado é pouco, são bonitas, mas sinuosas e estreitas.

Para já o meu objectivo era outro, desfrutar da Badia, como aqui se diz em catalão. Em concreto interessava-me Port de Pollença, que Agatha Christie descreve com o nome espanhol quando publicou, em 1936, o Problem at Pollensa Bay and Other Stories, entre nós dado à estampa em 2008 pela Asa com o título O caso da baía de Pollensa. Estando ali, a tentação de ir à procura do Hotel Pino d’Oro do romance era grande, sabendo de antemão que o seu nome verdadeiro era e é Illa d’Or.

Lá estava ele, junto ao mar, branco, impecavelmente restaurado, com uma bela esplanada, onde o sol mantinha bastantes hóspedes. Durante o café numa das velhas e confortáveis cadeiras de madeira viradas para a baía – talvez a mesma onde Agatha Christie se inspirou para o seu conto algures em 1932 – não posso deixar de pensar na quantidade de “gente conhecida” que aqui esteve. Logo em 1929, quando o hotel abriu, Joan Miró e Pilar Juncosa – cuja Fundação mantém em Palma os seus estúdios, como foram deixados por Miró antes de falecer, no dia de Natal de 1983 – aqui passaram a sua lua-de-mel.

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A mar e as oliveiras são as mesmas dos anos 1930, o pontão será mais recente e nesses tempos os iates rareavam por aqui miguel Machado

Mas Port de Pollença também teve outra faceta relevante, hoje esquecida, que, olhando para a esquerda, em direcção ao enorme maciço do cabo Formentor, é bem visível, logo ali, a escassos 250m: o Aeródromo Militar que opera aviões anfíbios de combate a incêndios no Verão. Durante a Guerra Civil teve um papel relevante nas operações nesta zona do Mediterrâneo até Barcelona.

Curiosamente, no interior desta base, está hoje, preservado e transformado em messe militar, outro dos antigos hotéis históricos de Port de ​Pollença, o Mar i Cel, também referido por Agatha Christie como Hotel Mariposa. Foi expropriado nos anos de 1940 para se transformar em alojamento de oficiais. Poucos portugueses saberão, mas foi exactamente no mesmo Mar i Cel, ainda hotel civil, que durante um par de anos esteve alojado um português, José Sepúlveda Velloso, piloto aviador, que desta deslumbrante baía descolava no seu hidroavião para cumprir missões de combate no Mediterrâneo. Mas isso é outra história…que dava um filme!

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A reler as peripécias de Mr. Parker Pyne exatamente no local onde foram pensadas

Saindo de Port de Pollença, subindo a MA-2210, ziguezagueando por entre ciclistas, autocarros de turismo e outras viaturas ligeiras, entramos no cabo Formentor, com paisagens deslumbrantes e escolhas difíceis, apetece estar sempre a parar! Fica para a próxima.

Miguel Silva Machado (texto e fotos)

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