Viagem à Europa

Um comboio, duas mochilas, a Europa: em vésperas de eleições europeias vamos fazer um Interrail. Vamos parar aqui e ali, de Barcelona a Bruxelas, de Atenas a Berlim, de Sófia a Londres. Os pontos estão marcados no mapa, o espaço é para surpresa.

Budapeste, Hungria

Um americano fascinado com os Descobrimentos que acha que a UE foi longe demais

Herb Teachey tem um livro sobre os Descobrimentos que lê atentamente e logo foi partilhar a mesa do pequeno-almoço no hotel em Budapeste com uma portuguesa.

Está fascinado com um capítulo sobre os navegadores portugueses – “as histórias das ideias, mapas, da astronomia, como medir as horas”, diz, o livro ao lado da coca-cola com quem acompanhou o pequeno-almoço. De Richmond, Virginia, onde ainda agora vive e passou grande parte da vida, Teachey passou por muitos países europeus, incluindo uma temporada de dez anos em Inglaterra.

Como vê a Europa? “O conceito original era muito bom mas creio que foi longe demais. Os burocratas não param – querem mais e mais poder e mais e mais regulações”, diz. O referendo na Irlanda, por exemplo: “Votam uma vez e dizem que não. Mas a União Europeia oferece umas coisas, e eles voltam a votar e dizem que sim. Vota-se até se chegar ao resultado desejado? Não me parece muito democrático!”

Ele defende exactamente o oposto de regulações: quanto mais as pessoas forem deixadas a fazer o que querem, mais sabem o que é melhor para elas, diz. Quanto mais longe está o centro de decisão, menos se preocupa com as pessoas.

A Europa para Teachey é um poço de restrições. “Um exemplo: se eu quiser pintar a minha casa de roxo não posso, e nos EUA posso. Para ter arma nos EUA, se for informar a polícia, ele vai encolher os ombros e dizer: ‘o que tenho eu a ver com isso?’”

O resultado: “O que é que a Europa tem produzido de inovação? Tem centros de investigação, mas porque é que a Microsoft e o Facebook não vieram da Europa?”

É que começar uma empresa nos EUA é fácil, diz. Na Europa nem tanto. E Herb Teachey, quando avalia tudo o que fez na vida – trabalhou em transplante –, diz que o mais importante que fez foi criar uma empresa. “Quando começámos, o parque de estacionamento tinha poucos carros e todos velhos. Quando saí, havia muitos e novos. Foi preciso reformar-me para perceber que o mais importante na minha vida não foi a gestão do programa de transplantes. Foi ter criado uma empresa e emprego.”

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