Turquia: O desejo de Erdogan é a consagração

O primeiro-ministro turco já não é o herói do Médio Oriente e também tem problemas em casa.

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Taryk Recep Erdogan já não é um herói do Médio Oriente Reuters

O ano de 2014 devia ser o da consagração de Recep Erdogan. O primeiro-ministro turco disse que não se recandidatava em 2015, mas sabe-se que quer ser Presidente – e o mandato de Abdullah Gül termina já em Agosto. Mas a vida de Erdogan começou a correr mal: a sua política de “zero problemas com os vizinhos” transformou-se numa avalancha de complicações.

A Turquia enfrentou o regime de Assad e apoiou a oposição armada, mas foi apanhada em falso quando os ocidentais recusaram envolver-se. No Egipto, onde Erdogan foi acolhido como um herói após a saída do poder de Hosni Mubarak, ajudou a Irmandade Muçulmana a ganhar as eleições e hostilizou o golpe dos militares.

A diplomacia turca, que nos últimos anos tinha granjeado admiradores, deu uma série de tiros no pé. Para voltar à tona, a nova aposta é a aproximação ao Irão e ao Iraque – que apoiam o lado contrário na guerra síria – e também à região autónoma do Curdistão iraquiano, em cujo petróleo a Turquia está interessada. Mais de 50% das empresas estrangeiras lá instaladas são turcas.

Se Erdogan já não é um herói no Médio Oriente, também tem problemas em casa: está em guerra com Fethullah Gulen, o influente pregador muçulmano que vive nos EUA e lidera uma rede de escolas, instituições de caridade e empresas de media e tem sido fundamental para o sucesso de Erdogan. Segundo The Economist, Gullen, a quem é dado crédito por “manter o islão moderado na Turquia”, poderá ser “a única força capaz de travar a deriva de Erdogan para a autoritarismo”. Pode apoiar Abdullah Gul, considerado um líder muito mais conciliador, diz a revista Time.
 
 
 

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