Milhares fogem de combates em cidade no Sul das Filipinas

Dezenas de civis foram feitos reféns e usados como escudos humanos pelos rebeldes da Frente Moro de Libertação Nacional

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Cerca de 13 mil pessoas fugiram de aldeias costeiras e refugiaram-se num estádio da cidade Ted Aljibe/Reuters

Os combates prosseguem há já dois dias e jornalistas na zona dão conta de autênticas cenas de batalha em diferentes pontos de Zamboanga, uma cidade com perto de um milhão de habitantes na ilha de Mindanao.

Cerca de 200 rebeldes da Frente Moro de Libertação Nacional (FMLN) – criada em 1971 para lutar pela criação de um Estado islâmico no Sul das Filipinas, onde a maioria da população é muçulmana – entraram na cidade na manhã de segunda-feira e, após confrontos com os militares, barricaram-se em várias aldeias dos arredores onde, segundo a imprensa local, mantêm dezenas de reféns.

Nesta quarta-feira, dezenas de civis, atados por uma corda, foram usados como escudo humanos pelos rebeldes quando o Exército tentou entrar no bairro de Santa Barbara. Um jornalista da Reuters conta que um dos reféns empunhava uma bandeira branca e outras pessoas gritavam para os militares: “Não disparem!”

Cerca de 13 mil pessoas fugiram aos combates, refugiando-se no estádio da cidade, onde as condições sanitárias se degradam e a comida começa a escassear. Desde segunda-feira que Zamboanga, o principal centro da região Sul das Filipinas, está paralisada: as ligações aéreas e por ferry foram suspensas, as escolas e instituições públicas estão fechadas e o comércio desapareceu das ruas.

O Presidente filipino, Benigno Aquino, declarou que a segurança dos reféns é a principal prioridade das autoridades, e a presidente da câmara, Maria Isabelle Climaco, propôs aos rebeldes que deponham as armas em troca de negociações mediadas pela comunidade internacional.

A FMLN assinou em 1996 um acordo de paz com Manila, renunciando à exigência de independência em troca de maior autonomia para a região que, ao contrário do resto das Filipinas, é maioritariamente muçulmana. Mas o movimento queixa-se de ter sido marginalizado nas negociações que o Governo tem em curso com um outro grupo independentista, a Frente Moro de Libertação Islâmica, com o objectivo de instituir uma administração autónoma na região até 2016. O fundador da FMLN, Nur Misuari, decretou então a “independência” de toda a região e lançou um apelo aos seus homens para que tomassem de assalto os edifícios públicos.

 

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