Indonésia fuzila oito condenados por tráfico de droga

Sete dos executados eram estrangeiros. Fuzilamento de filipina que também tinha sido condenada foi suspenso à última hora.

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Marites Laurente, irmã da filipina que acabou por ser poupada em Jacarta Romeo Gacad/AFP

De nada valeram os pedidos de perdão e as críticas internacionais. Oito condenados à morte por tráfico de droga, sete deles estrangeiros, foram executados, no início da madrugada desta quarta-feira (hora local) na Indonésia. O fuzilamento de uma filipina foi suspenso à última hora, para ser ouvida noutro processo de tráfico

Os condenados – quatro nigerianos, dois australianos, um brasileiro e um indonésio – foram executados por um pelotão de fuzilamento pouco depois da meia-noite local no complexo prisional da ilha de Nusakambangan, noticiaram a Metro TV e o jornal Jakarta Post. Horas antes, as autoridades tinham confirmado a intenção de os executar, apesar de apelos de clemência chegados de todo o mundo.

A Austrália respondeu severamente à execução de dois cidadãos seus, que faziam parte do grupo fuzilado e, nesta quarta-feira, anunciou que iria retirar o seu embaixador na Indonésia. Antes de as execuções avançarem, o Governo australiano já ameaçara fazê-lo. Agora, o primeiro-ministro do país, Tony Abbot, diz que as relações com Jacarta não podem continuar "como se nada se tivesse passado". 

A decisão de suspender a execução de Mary Jane Veloso, 30 anos, dois filhos, foi tomada em resposta a um pedido do Presidente filipino, Benigno Aquino, para que seja ouvida como testemunha num processo que investiga uma rede internacional de tráfico humano, explicou Tony Spontana, porta-voz do procurador-geral. Mary Jane sempre declarou ter sido vítima de tráfico humano e que não sabia que transportava heroína quando foi capturada pelas autoridades.

O caso de Mary Jane teve um desfecho para já diferente porque, esta terça-feira, uma mulher que alegadamente a recrutou para ser correio de droga se entregou à polícia filipina. “Os milagres acontecem”, disse a mãe da condenada à rádio filipina DZMM. A cidadã filipina foi condenada à morte por ter sido interceptada com 2,6 kg de heroína, em 2010, no aeroporto internacional de Yogyakarta. 

Mas a Indonésia deu já sinais de que o destino de Mary Jane Veloso dificilmente passará pela clemência. O procurador-geral da Indonésia, HM Prasetyo afirmou durante uma conferência de imprensa que, mesmo que se prove que a filipina tenha sido vítima de tráfico humano, isso “não apagará a responsabilidade criminal de Mary Jane Veloso”. E, apesar das críticas internacionais, a Indonésia declarou ao longo do último ano uma guerra às drogas que se tem traduzido numa política de tolerância zero face aos acusados de tráfico. 

Serge Atlaoui, 51 anos, um francês que esteve incluído no grupo a executar, tinha já sido retirado da lista para que um recurso apresentado à justiça seja apreciado, mas a procuradoria reafirmou à AFP que em caso de rejeição será executado. O Governo francês tem também adoptado fortes críticas à possibilidade de um cidadão seu ser fuzilado. No caso de a execução avançar, o Eliseu pode seguir o mesmo caminho da Austrália e outros países e retirar o seu embaixador da Indonésia.

Em Janeiro foram executados seis outros condenados por tráfico de droga – um indonésio, um brasileiro, um holandês, um nigeriano, um vietnamita e um natural do Malawi. Em resposta, o Brasil e Holanda retiraram os seus embaixadores em Jacarta, como também o fez agora a Austrália e pode vir a fazer a França. 

Desde que foi eleito Presidente da Indonésia, em Julho de 2014, Joko Widodo declarou guerra ao tráfico de drogas e tem rejeitado todos os apelos de clemência e pressões de governos, instituições e organizações internacionais para que não seja aplicada a pena de morte.

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