Sinal com frequência das caixas negras do voo MH370 recebido com prudência

Não está confirmado que esteja relacionado com o avião da Malaysia Airlines. Receio de nova pista falsa refreia entusiasmo das autoridades.

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Localizador das caixas negras antes de mergulhar nas águas do Índico Kelly Lunt/AFP
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Membros da equipa a bordo de um navio neozelandês Nick Perry/Reuters
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Dois trabalhadores preparam o dispositivo usado para procurar as caixas negras Ministério da defesa da Austrália/Reuters
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Autoridades fazem buscas numa área de 217 mil quilómetros quadrados Nick Perry/Reuters
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Presidente da companhia aérea numa conferência de imprensa em Kuala Lumpur Samsul Said/Reuters
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REUTERS/Australian Defence Force

A detecção de um sinal rádio com uma frequência de 37.5 kHz, a mesma das caixas negras do Boeing 777 da Malaysia Airlines desaparecido há quatro semanas, reavivou, este sábado, a esperança de que o mistério do voo possa vir a ser esclarecido.

Mas as primeiras reacções foram de prudência. Até ao fim do dia não havia confirmação de que o sinal esteja relacionado com o avião que desapareceu pouco depois de ter partido de Kuala Lumpur com destino a Pequim, a 8 de Março. Presume-se que o avião tenha caído ao mar, com 239 pessoas a bordo, maioritariamente chinesas.

O sinal foi localizado por um detector instalado a bordo do navio-patrulha chinês Haixun 01, envolvido nas buscas no sul do Oceano Índico, cerca de 25 graus de latitude Sul e 101 graus de longitude Leste, noticiou a agência chinesa Xinhua. Mas "ainda não foi identificado", informou o centro chinês de busca e socorro marítimo. Mais tarde, a agência acrescentou que um jacto da força aérea chinesa avistou e fotografou objectos brancos na área em que estão a decorrer as buscas.

Informações avançadas pelo Sydney Morning Herald mas não confirmadas oficialmente indicam que a tripulação do navio chinês notificou as autoridades australianas da detecção do sinal por volta do meio-dia local de sábado. O jornal australiano indicou, citando o chinês Diário do Povo, que o sinal foi ouvido pela primeira vez na tarde de sexta-feira, não foi gravado por ter surgido inesperadamente, e voltou a ser detectado pelo navio na tarde de sábado.

O ministro australiano da Defesa, David Johnston, alertou para entusiasmos excessivos. "Não seria a primeira vez que detectamos alguma coisa que depois se revelou decepcionante", disse à estação ABC24. "Há uma elevada possibilidade de falsos positivos."

A frequência 37.5 kHz é o padrão internacional dos emissores de localização das caixas negras. Um oceanógrafo da Universidade de Southampton, Somon Boxall, disse que é usada por "uma variedade de coisas". "Tivemos um monte de pistas falsas nesta busca", recordou à CNN. "Gostava muito de ter essa informação confirmada. Pode ser um falso sinal."

A eventual detecção das caixas negras seria um contributo decisivo para compreender o que aconteceu ao voo MH370. Uma das caixas regista os parâmetros técnicos de voo, a outra os sons e diálogos mantidos no cockpit. Apesar de manterem a designação, são actualmente cor-de-laranja com listas brancas reflectoras, para mais facilmente poderem ser encontradas.

Passadas quatro semanas sobre o desaparecimento do Boeing, a tentativa de  encontrar as caixas é agora uma corrida contra o tempo porque as suas baterias duram cerca de um mês, apesar de poderem continuar a emitir sinais depois desse período.

As buscas envolvem, segundo a Reuters, uma dezena de aviões militares, três civis e 11 navios, que têm concentrado esforços numa área de 217 mil quilómetros quadrados, a cerca de 1700 quilómetros a noroeste de Perth, Austrália.

A expectativa das equipas de busca é de encontrarem alguma coisa que lhes permita reduzir a área operacional para aí concentrarem os seus esforços, explicou Angus Houston, marechal da força aérea que lidera a agência australiana que coordena as buscas. Ainda que a pista do sinal rádio não se venha a confirmar, o trabalho não vai parar, disse, citado pela Reuters. "Mesmo que não encontremos nada em seis semanas vamos continuar, porque há muitas partes do aparelho que vão flutuar."

Muitas teorias sobre o destino do voo MH370 foram até agora avançadas para explicar o desaparecimento mas, até agora, não foi recolhida uma única peça do avião. As autoridades dizem que os dados reunidos sugerem que foi desviado deliberadamente milhares de quilómetros da rota programada. E que teria acabado por se despenhar na grande área do Índico onde têm decorrido as mais recentes buscas. Uma série de objectos detectados por satélites ou avistados a olho nu a partir do ar acabaram por se revelar, em todos os casos, falsas pistas.

A Malásia anunciou também este sábado o início de uma investigação formal ao desaparecimento do avião em que participam peritos de todo o mundo. Normalmente, as investigações formais só começam depois de encontrados os destroços.

O ministro dos Transportes, Hishammuddin Hussein, explicou que a investigação vai ser feita por três grupos: um, de "navegabilidade aérea", examinará os registos de manutenção, estruturas e sistemas; um segundo, de operações, estudará os "registos de voo, operações e meteorologia"; e o terceiro os "factores humanos e médicos". A investigação e as buscas mobilizam especialistas e operacionais de cerca de duas dezenas e meia de países.

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