Duplo atentado no Paquistão mata dezenas de pessoas à saída de igreja cristã

Centenas de pessoas saíam de uma igreja em Peshawar quando dois bombistas suicidas accionaram os explosivos. Há mais de 70 mortos. Autoria do ataque já foi reivindicada pela milícia Jundullah, com ligações aos taliban.

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De acordo com a polícia, os atacantes esperaram pela saída dos crentes da missa de domingo e accionaram os explosivos Reuters

Um duplo atentado suicida às portas de uma histórica igreja cristã em Peshawar, no Paquistão, fez pelo menos 75 mortos e 120 feridos. Os dois bombistas esperaram pela saída das várias centenas de fiéis que participaram na missa de domingo e fizeram-se explodir no meio da multidão.

"Ouvi duas explosões. As pessoas começaram a correr. Havia restos humanos espalhados por toda a igreja", disse à agência Reuters uma das fiéis, identificada apenas como Margrette.

Hamid Ullah, um trabalhador das equipas de salvamento da Fundação Al Khidmat, disse ao The New York Times que já foram contabilizadas 72 mortos, mas o número poderá ser superior.

A autoria do ataque já foi reivindicada pela milícia Jundullah, com ligações aos taliban. "Eles são inimigos do islão, é por isso que os atacamos", disse um porta-voz do grupo, Ahmed Marwat, citado pela Reuters. "Vamos continuar a atacar os não muçulmanos no território do Paquistão", afirmou.<_o3a_p>

A histórica Igreja de Todos os Santos, em Peshawar, foi construída em 1883 e é um dos mais importantes símbolos da minoria cristã no país, que perfaz entre 2% e 4% da população total, de 182 milhões de habitantes.

A região onde ocorreu o atentado deste domingo, Khyber Pakhtunkhwa, faz fronteira com o Afeganistão e com as Áreas Tribais de Administração Federal do Paquistão.

O ministro da Saúde da província, Shaukat Ali Yusufzai, confirmou o balanço de vítimas e disse à AFP que o governo anunciou três dias de luto. O Noroeste é uma região onde imperam muitos grupos rebeldes islamistas, entre eles o Movimento dos Talibans do Paquistão (TTP), autores de inúmeros atentados que já deixaram mais de 6000 mortos desde 2007.

Os extremistas da maioria sunita têm como alvo preferencial a minoria xiita, mas o número de ataques contra cristãos tem aumentado nos últimos meses. Até este domingo, os mais graves foram registados em 2001 e 2009: há quatros anos, pelo menos sete cristãos foram queimados por uma multidão de muçulmanos, que atearam fogo a 40 casas e uma igreja em Gojra, na província do Punjab; e em 2001, 17 cristãos foram mortos num ataque contra uma igreja em Bahawalpur.

"Os terroristas não pouparam mesquitas, templos e igrejas. Por favor, tenham piedade de nós", disse uma testemunha do ataque ao canal privado Geo, citada pela agência Reuters.

"O primeiro-ministro [Nawaz Sharif] disse que os terroristas não têm qualquer religião e que atacar pessoas inocentes é contrário aos ensinamentos do islão e de todas as religiões", declarou o gabinete do chefe do Governo em comunicado.

"Actos de terrorismo tão cruéis como este reflectem a brutalidade e a desumanidade dos terroristas", afirma o primeiro-ministro.

De acordo com a polícia, os atacantes esperaram pela saída dos crentes da missa de domingo e accionaram os explosivos. As mesmas fontes avançam às agências internacionais que estariam entre 500 e 600 pessoas na igreja no momento das explosões.

Nazir Khan, professora de 50 anos, disse que a missa tinha já terminado, e que cerca de 400 fiéis estavam a sair da igreja quando ocorreu uma primeira explosão. "Uma enorme explosão atirou-me ao chão e assim que recuperei a consciência, explodiu uma segunda bomba", disse Khan à AFP.

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