Assad "participará" nas presidenciais de 2014, diz MNE iraniano

Presidente sírio ignora as pressões para o seu afastamento e deverá ser candidato. "Serão as urnas a decidir o futuro da Síria", garante um ministro do seu Governo.

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Assad numa foto de arquivo de 2009 Khaled al-Hariri/Reuters

Bashar al-Assad “participará” nas próximas eleições presidenciais na Síria, previstas para 2014, afirmou neste sábado, em Teerão, o chefe da diplomacia iraniana, Ali Akbar Salehi, cujo país é um dos poucos aliados próximos que restam ao regime sírio.

“O Presidente Assad, como outros, participará nas próximas eleiçõe,s e o povo sírio votará em quem quiser” para Presidente, declarou Salehi numa conferência de imprensa com o seu homólogo sírio, Walid Mouallem, depois de ter dito que Assad se vai manter no poder até 2014.

Assad sempre rejeitou os apelos lançados pelo Ocidente, por vários países árabes, pela Turquia e pela oposição síria para deixar o poder com vista a uma resolução do conflito que dura já há dois anos e que já provocou mais de 70 mil mortos, segundo números das Nações Unidas. Até agora, Assad nunca tinha falado da possibilidade de um novo mandato, mas este sábado o recado ficou dado.

A oposição síria recusa qualquer tipo de diálogo se Assad não deixar o poder, mas este mantém-se firme, afirmando que as suas tropas vão continuar a combater “os terroristas” (designação genérica que o regime dá aos grupos rebeldes que lutam contra Assad) até à vitória.

No dia 15 de Janeiro, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros sírio, Jihad Moqdad, tinha já dito à BBC que Assad tinha toda a legitimidade para se apresentar como candidato às presidenciais de 2014, no quadro de umas eleições pluralistas. “Porquê excluí-lo? A diferença é que agora o Presidente e os outros candidatos deverão dirigir-se ao povo, apresentar os seus programas e ser eleitos pelo povo. Serão as urnas a decidir o futuro da Síria”, disse.

Desde que o Baas chegou ao poder em 1963, os sírios eram chamados de sete em sete anos para aprovarem o candidato único apresentado pelo partido no poder. Hafez al-Assad reinou durante 30 anos e depois, com a morte deste, o seu filho seguiu-lhe as pisadas e assumiu o poder em 2000.

Segundo a Constituição aprovada em Fevereiro de 2012, Bashar al-Assad pode apresentar-se duas vezes como candidato presidencial a partir de 2014. Poderia, em teoria, governar até 2028, ou seja, ficaria no poder um total de 28 anos, se fosse reeleito.

Em Teerão, o ministro dos Negócios Estrangeiro iraniano sublinhou “a posição oficial” do Irão: “Assad continua a ser o Presidente legítimo da Síria até às próximas eleições.”
 

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