A guerra ucraniana e a farsa de Minsk

Por mais que a Rússia negue, o seu envolvimento militar na Ucrânia é uma perigosa evidência.

Em Minsk, a Rússia negou envolvimento. No entanto, Putin lá esteve, ao lado de Merkel, Hollande e Poroshenko, para assinar um novo cessar-fogo que, como depressa se viu, era apenas uma figura de retórica. Na Ucrânia, apesar de alguns momentos de paragem nos tiroteios e de algum desanuviamento (as agências divulgaram, nessa altura, imagens de soldados de metralhadora a tiracolo a jogarem futebol), a guerra continuou. Mesmo sem falar dos trágicos balanços do que ficou para trás nestes terríveis tempos (a fome, a destruição, os refugiados, os muitos mortos e feridos), a guerra continua a ser a mesma do início: a pretexto da protecção das populações russófilas, a vontade expansionista dos rebeldes pró-Moscovo e anti-Kiev não esmoreceu e vai-se alimentando de "pequenas" conquistas, até que fique estabelecida uma confortável ligação por terra entre as terras do Leste já conquistadas e a Crimeia já "separada" da Ucrânia e sob protecção da Rússia. No entanto, o que o poder de Moscovo fez em Minsk (parte do teatro diplomático habitual) continua a fazê-lo onde quer que se expresse: a Rússia não está envolvida. E no entanto está. Às notícias de soldados russos mortos no terreno (e já serão mais de 260) responde o Kremlin que se trata de "voluntários" desejosos de ajudar a defender os interesses russos no país vizinho. "Voluntários", não soldados, a Rússia lavaria daí as suas mãos. Mas isto é pura fantasia, se tivermos em conta que só na Crimeia estão 29 mil soldados russos e que junto à fronteira com a Ucrânia estarão mais uns 50 mil, prontos a intervir. Fora os cerca de 12 mil que, segundo o Pentágono, estarão a combater o exército de Kiev dentro das fronteiras ucranianas (em Janeiro, o governo ucraniano falava em 8500). Ou seja: há um exército no terreno e nas suas imediações que trava uma batalha com fins que todos conhecem mas que, por comodidade, se vão classificando de "violações do cessar-fogo".

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