235 detidos em protesto contra aumento dos transportes em São Paulo

Foi uma "noite de caos", segundo a Folha de São Paulo. Prefeito e governador dizem que "não há possibilidade” de evitar o agravamento do preço.

Fotogaleria
Manifestante a ser detido pela polícia NELSON ALMEIDA/AFP
Fotogaleria
Imagem do protesto em São Paulo NELSON ALMEIDA/AFP
Fotogaleria
NELSON ALMEIDA/AFP
Fotogaleria
NELSON ALMEIDA/AFP
Fotogaleria
NELSON ALMEIDA/AFP
Fotogaleria
NELSON ALMEIDA/AFP
Fotogaleria
NELSON ALMEIDA/AFP

A polícia brasileira deteve pelo menos 235 pessoas no quarto dia de protestos, em uma semana, contra o aumento do preço dos transportes públicos em São Paulo. Há informações sobre dezenas de feridos, sete deles jornalistas da Folha de São Paulo.

Os confrontos, na quinta-feira, começaram quando a Polícia Militar procurou impedir cerca de 5000 manifestantes, que desfilavam em protesto contra o aumento do preço dos autocarros, de chegarem à Avenida Paulista, a principal artéria da cidade, onde lojas foram vandalizadas na terça-feira. Seguiu-se uma "noite de caos", segundo o diário brasileiro.

Dos 235 detidos, 231 foram ouvidos e libertados durante a madrugada. Os outros quatro continuam na prisão, acusados de "formação de quadrilha" e sem direito a pagamento de fiança. Trinta detenções ocorreram antes do início do protesto.

Já com o desfile a decorrer, de acordo com a Folha, sem que tivesse sido alvo de agressões, a polícia de choque cercou os manifestantes que tentavam avançar e procurou dispersá-los, usando gás lacrimogéneo e balas de borracha. Condutores assustados abandonaram os seus carros.  

Depois seguiram-se cenas semelhantes às de protestos anteriores da já chamada "guerra da tarifa". Manifestantes atiraram pedras e outros objectos, danificaram um autocarro e uma agência bancária. O número feridos ascende, segundo o Movimento Passe Livre, que tem promovido os protestos, a cem.

“Na terça-feira, a imagem que ficou foi da violência dos manifestantes. Hoje, infelizmente, não resta dúvida, a imagem que ficou é da violência policial", disse o prefeito Fernando Haddad, eleito pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Mas o governador, Geraldo Alckmin, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), disse que a polícia não vai tolerar "depravação, violência e obstrução de vias públicas". O secretário da segurança, Fernando Grella, disse que a polícia agiu para "garantir a ordem".

Na noite de terça para quarta-feira, cerca de 5000 pessoas manifestaram-se na Avenida Paulista. Foram detidas 19. Segundo os relatos dos media brasileiros, foram atacados dois autocarros, agências bancárias e uma estação de metropolitano. Os manifestantes lançaram pedras e paus contra agentes da polícia, que  usaram balas de borracha e gás pimenta. Oito polícias ficaram feridos e duas outras pessoas foram atropeladas, quando o condutor de um automóvel forçou a passagem por entre os manifestantes.

O prefeito Haddad tem dito que “não há possibilidade” de reduzir o valor. Também o governador Alckmin afastou a possibilidade da suspensão do aumento. “O reajuste foi menor que a inflação, tanto nos trens e mêtro quanto nos ônibus”, disse, citado pela Folha de São Paulo.

Também no Rio de Janeiro houve, na quinta-feira, protestos que degeneraram em violência. Cerca de 2000 pessoas protestaram também no centro da cidade contra o aumento dos transportes públicos. Os participantes na “passeata”, alguns empunhando flores, gritaram slogans como “da Copa eu abro mão/dinheiro para saúde e educação”. Perto do final do desfile, um grupo começou a pichar paredes e foi lançado fogo de artifício, mas a polícia manteve-se à distância.

Os protestos coincidem com o início da Taça das Confederações, competição de futebol que começa no fim-de semana e que é uma espécie de ensaio do Mundial de futebol do próximo ano. São Paulo não está entre as cidades que acolhem a Taça das Confederações, ao contrário do que acontecerá em 2014, quando o Brasil receber o campeonato do mundo.

Sugerir correcção
Comentar