Música

Primavera em silêncio

O silêncio não existe. Mas podemos procurá-lo: fugindo do mundo, o que implica desligar o cérebro, que o som-memória pode ser ruidoso; tentando representá-lo, como fazem os músicos, que inventaram uma notação para o vazio de som; ou perseguindo-o com as armas de outros artistas.

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O silêncio não existe. Mas podemos procurá-lo: fugindo do mundo, o que implica desligar o cérebro, que o som-memória pode ser ruidoso; tentando representá-lo, como fazem os músicos, que inventaram uma notação para o vazio de som; ou perseguindo-o com as armas de outros artistas.

Paulo Pimenta, fotojornalista que se ocupa dos ruídos visuais que irrompem do dia-a-dia – essa coisa a que chamamos notícia –, homem de plateias várias, tal a sua adoração pelo espectáculo e as suas possibilidades visuais, decidiu ir procurá-lo ao Parque da Cidade, antes que o Primavera chegue. Essa Primavera de sons que por uns dias transforma um refúgio do mundo no sítio onde meio mundo quer estar, para um festival em que o silêncio, por norma, se torna uma impossibilidade.

Este não é, pois, um portfólio sobre o backstage. É um retrato da noite, da sua pouca luz, que é o mais próximo que há do silêncio em fotografia, num ambiente abafado de pré-dilúvio que antecede, sempre, uma tempestade: de sons, no caso. Abel Coentrão