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Os cenários porno, quando já não está lá ninguém

Jo Brouhton tinha 17 anos quando entrou no estúdio pela primeira vez para trabalhar como assistente de fotografia. Só diante de um dos cenários percebeu que não era um estúdio de moda, mas de pornografia.

Jo Broughton
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Jo Broughton

Jo Broughton fugiu de casa aos 17 anos. Tinha acabado de entrar na faculdade, para um curso preparatório de artes, no Thurrock College, Inglaterra, quando um dos seus tutores lhe perguntou se não queria ser assistente de um fotógrafo num estúdio para "ganhar experiência de trabalho". Entusiasmada com a ideia, Jo aceitou, acreditando ser um estúdio de fotografia de moda. Quando entrou no edifício, apareceu um homem de cabelo loiro comprido, com o tronco bronzeado à mostra e óculos escuros no rosto. “Olá, querida”, disse-lhe, após a beijar nas bochechas. Jo caminhou até à recepção, de onde conseguiu ver toda a área do estúdio. “Eu bem estranhei quando o meu tutor me piscou o olho ao falar da experiência de trabalho”, disse Jo numa entrevista por e-mail ao PÚBLICO. No fundo do estúdio, tinha sido colocado o cenário de uma enfermaria. “A uma dada altura, o director do estúdio, Steve Colby, vira-se para mim e diz: ‘Já alguma vez viste uma rata mesmo de frente para ti?’. ‘Não’, respondi. ‘Então hoje é o teu dia de sorte’”. Só ali Jo percebeu que tinha aceitado trabalhar num estúdio onde se faziam filmes e fotografias, mas para canais e revistas pornográficos.

Durante dois anos, Jo trabalhou como assistente de Steve, em part-time. Fazia todo o tipo de tarefas como pintar os cenários, passar os lençóis a ferro, ajudar na montagem das luzes, servir cafés ou chá ou mesmo limpar os cenários e brinquedos sexuais após terem sido utilizados. "Limpar aquela bagunça era quase como estar num cenário de crime. Lidar com os fluídos corporais fez-me sentir a minha própria humanidade e a vulnerabilidade dos modelos que tinham estado à frente da câmara naquele dia. Contudo, no fim de contas, eu estava a aprender o meu ofício, a tentar perceber a luz e como fotografar bem”. Foi ao limpar os cenários que Jo começou a interessar-se por eles. Em 2001, começou o projecto Empty Porn Sets, um conjunto de imagens dos vários cenários vazios. Aos 21 anos, passou a trabalhar à noite no estúdio como empregada de limpezas. De dia, era assistente do editor de fotografia da revista Observer, servia às mesas e ainda fazia o mestrado na Royal College of Art, em Londres. Durante esse período, Jo chegou a viver dentro do estúdio de pornografia. “Ia para casa, para o estúdio, à noite, quando os modelos já estavam de saída. Sentava-me com o Steve e víamos televisão juntos. Adormecia num dos cenários que estava montado, onde era sempre estranho acordar”, conta. “Para entrar no mestrado, pedi ao Steve que me escrevesse uma carta de recomendação. Menti e disse à faculdade que ele era um fotógrafo de retratos”.

Empty Porn Sets faz parte da exposição Photo50: Masculine Feminine, no London Art Fair

Sibila Lind

Jo Broughton
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