Via de acesso ao Ave Park alvo de estudo de impacte ambiental

Acesso ao parque de ciência e tecnologia continua a dividir vimaranenses e há mais alternativas ao traçado a serem apresentadas.

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O Ave Park foi inaugurado em 2008 mas carece de bons acessos para atrair empresas Fernando Veludo/NFactos

O presidente da câmara de Guimarães promete pedir um estudo de impacte ambiental (EIA) para a via de acesso ao parque tecnológico Ave Park, que a autarquia quer construir em terrenos que estão parcialmente classificados como Reserva Agrícola Nacional (RAN) e Reserva Ecológica Nacional (REN). O compromisso foi assumido por Domingos Bragança, na noite desta quarta-feira, durante um debate público sobre essa ligação, no qual voltou a ficar patente a divisão que a ligação rodoviária provoca entre a população.

Apesar de, pelo tipo de via em causa, a câmara não estar legalmente obrigada a fazer um EIA, o autarca garante que o vai encomendar. “Terá que ser um bom estudo”, defendeu Bragança, antecipando que a intenção é que, com esse trabalho, seja possível também responder a algumas das preocupações ambientais existentes em torno da via.

O canal reservado para a via em PDM tem 100 metros de largura e o perfil previsto terá apenas 15 metros. A “afinação” do traçado será a forma de minimizar os efeitos dos atravessamentos previstos em terrenos RAN e REN e o facto de a projectada nova ponte sobre o rio Ave estar localizada junto de uma das principais captações de água para consumo público do concelho.

O debate realizado na noite de quarta-feira, na vila de Caldas das Taipas, prolongou-se por três horas, num auditório com mais de cem pessoas. Dos participantes ouviram-se sobretudo críticas à proposta que tem vindo a ser defendida pela autarquia – apenas dois dos 12 intervenientes na sessão defenderam essa solução –, mas as manifestações do público permitiram perceber uma audiência mais dividida em torno da melhor solução.

Perante as críticas, Domingos Bragança acabou por desabafar: “Isto não dá muita força para fazermos as coisas”. Todavia, o presidente da câmara de Guimarães prometeu continuar a lutar pela construção da ligação ao Ave Park. “Se não a fizermos, há empresas que lá estão e que saem”, garantiu, dando o exemplo da Farfetch, a segunda maior loja virtual de artigos de luxo, e do Instituto Europeu de Excelência em Engenharia de Tecidos e Medicina Regenerativa, que poderão mudar de instalações se não for resolvido o problema de acesso ao parque.

A sessão de Caldas das Taipas foi convocada para discutir o estudo da Universidade do Minho (UM), que analisou três propostas de ligação ao Ave Park, elegendo como a melhor aquela que tem sido defendida pela autarquia. No entanto, entre os participantes ganhou força uma outra alternativa, feita pela margem Norte do rio, permitindo um acesso directo à A11 num nó a criar junto à antiga carreira de tiro de Brito. “A auto-estrada está a três quilómetros, em linha recta”, sublinhou um dos participantes, Fernando Castro.

Essa ligação chegou a estar prevista na altura em que auto-estrada entre Guimarães e Braga foi construída, no início do século, mas acabou por ser abandonada. A solução foi porém, minimizada, pelo director do departamento de obras da câmara de Guimarães, Filipe Fontes, pelo facto de passar por uma área de REN e obrigar à construção de uma nova praça de portagem na zona de maior talude da auto-estrada. Também José Mendes, professor da UM e autor do estudo sobre as ligações, considera que a probabilidade de sucesso dessa solução “é igual a zero”, dadas as dificuldades de negociação com o concessionário daquela ligação rodoviária.

Esta não é, porém, a única hipótese alternativa aventada nos últimos dias em Guimarães para melhorar o acesso ao Ave Park. A Coligação Juntos por Guimarães (PSD-CDS/MPT), que já tinha sugerido a requalificação e duplicação da actual estrada nacional – uma das hipóteses analisadas pelo estudo da UM – apresentou, na véspera, duas outras alternativas de acesso. Em ambas é defendida a construção de uma nova ponte sobre o rio Ave (a montante da vila das Taipas), sendo utilizados os traçados das estradas municipais já existentes para ligar ao troço já construído da variante de acesso ao parque tecnológico.

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