Privados penhoram contas da Câmara de Barcelos para receberem 8,6 milhões de eurores

Parceiros privados da PPP Barcelos Futuro querem receber valor ddecidido por um tribunal arbitral. Câmara pediu impugnação da decisão.

Os parceiros privados da PPP Barcelos Futuro avançaram com o pedido de penhora das contas da Câmara, para receberem os 8,6 milhões fixados pelo tribunal arbitral como indemnização pela dissolução desta parceria público-privada, informou esta quinta-feira fonte municipal.

O vice-presidente da Câmara de Barcelos, Domingos Pereira, confirmou à Lusa o pedido de penhora, mas escusou-se a tecer, para já, quaisquer outras considerações sobre o assunto. "Neste momento, apenas posso dizer que a Câmara continua a funcionar com toda a normalidade. Pelo respeito que me merecerem os tribunais, não vou adiantar mais nada, para já", referiu. O autarca disse apenas que o município já interpôs, no tribunal administrativo, uma acção de impugnação da decisão do arbitral.
Em abril, o presidente da Câmara anunciou que o Tribunal Arbitral de Lisboa fixou em 8,6 milhões de euros o montante a pagar pela Câmara de Barcelos aos parceiros privados da parceria público-privada (PPP) Barcelos Futuro, extinta por decisão do mesmo tribunal. Na altura, em conferência de imprensa, Miguel Costa Gomes explicou que aquele montante corresponde, segundo o tribunal, à obra já realizada no âmbito daquela PPP.

O autarca disse ainda que os juristas do município iam analisar a decisão, para aferir se aqueles 8,6 milhões de euros têm efectiva correspondência com o investimento já realizado. "De resto, o tribunal dá completa razão ao município e acaba com a PPP, que era uma das nossas grandes preocupações", acrescentou, adiantando que a parceria "poderia custar perto de 400 milhões de euros" aos cofres municipais.

O Tribunal Arbitral ordenou a dissolução e a liquidação da PPP Barcelos Futuro, que tinha sido aprovada por um executivo anterior, de maioria PSD. Entretanto, o PS ganhou a Câmara e decidiu suspendê-la, face aos "inadmissíveis e incomportáveis" encargos financeiros para o Município. Segundo a câmara, a PPP implicava o pagamento pelo município de uma renda anual, ao longo de 30 anos, de oito milhões de euros, "um valor que o orçamento municipal não suporta".

Esse valor ameaçava subir "em flecha", porque as quatro obras entretanto iniciadas pela PPP terão conhecido "desvios orçamentais" que, num caso, ascendiam a 134 por cento. O valor inicial da PPP apontava para perto de 75 milhões de euros, a investir em meia de centena de obras, como a recuperação e reconversão do Mercado Municipal de Barcelos, a adaptação e reabilitação do edifício Casa Conde Vilas Boas e a segunda fase do complexo Estádio Municipal de Barcelos, que incluía a construção de piso sintético, balneários e bancada.

A construção de 18 complexos desportivos e de nove piscinas também estava contemplada na parceria, bem como a obra do centro escolar de Barcelos e de  três pavilhões gimnodesportivos, um dos quais na escola de Fragoso, outro na Escola de Tecnologia e Gestão e o terceiro no Campus Universitário do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave.

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